No dia de Todos-os-Santos
Apesar desta tradição ter desaparecido, na grande maioria das terras portuguesas, ainda persiste em certos lugares, nomeadamente na freguesia de Garvão, graças aos esforços de algumas mães da vila e de louvar igualmente o empenho das Educadoras de Infância que procuram manter viva esta tradição, dinamizando as crianças a seu cargo de efetuarem o respetivo peditório, pelas ruas da vila.
É costume no dia um de novembro, as crianças irem de porta em porta, pelas ruas da vila, com um talego de pano, geralmente feito pelas mães ou avós, a pedirem os bolinhos.
Raro eram, as famílias, (se algumas), que não acediam a esse pedido, que consistia na maioria das vezes em ofertas em nozes, bolotas, castanhas, amêndoas, figos, rebuçados ou algum bolo que houvesse na altura ou fruta da época.
No dia de Todos-os-Santos, era vê-los, a pequenada, de talego, em grupos nas ruas da vila, geralmente de manhã, a baterem de porta em porta a pedirem o bolinho, para muitos era uma oportunidade de comerem alguns figos secos entremeados com amêndoas ou nozes. Era uma festa que a pequenada competia para ver quem recebia mais bolinhos e várias vezes, durante o dia, comparavam o conteúdo dos talegos, para ver o que uns e outros recebiam.
É uma tradição muito antiga, havendo registos desta prática no século XV, cuja simbologia de partilha e de entreajuda, está bem viva ainda em certas comunidades do interior. Certamente uma reminiscência do culto pré-histórico de lembrar os mortos.
O conceito de Património Cultural Imaterial, observa-se precisamente no reviver destes hábitos, sem dúvida uma das tradições mais antigas da vila de Garvão. Tradição essa acumulada ao longo de gerações, de facto a herança de uma comunidade, um bem coletivo que deve ser salvaguardado, protegido e divulgado para que continue a ser uma realidade na vila de Garvão e poder ser transmitido às gerações futuras.