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Receptáculo para cartas no Posto de Correios de Garvão

                

OS CORREIOS EM GARVÃO              

                Uma das primeiras formas de enviar notícias e conhecimentos, foi a troca de mensagens, esta necessidade milenar levou os homens a idealizar formas de vencerem as distâncias para fazerem chegar as missivas aos seus destinos. Desde a utilização de caminhantes, peregrinos, cavaleiros, almocreves, feirantes e outros mercadores ambulantes, para transportarem as missivas, ao uso de animais como o pombo-correio, sendo esta uma da forma mais remota para troca de correspondência, conhecido desde a antiguidade.
              Em Portugal, D. Manuel I, em 6 de Novembro de 1520, publicou a Carta Régia que criava o ofício de Correio-Mor, com grandes deficiências na execução deste serviço, pois o Correio-Mor fazia um serviço mais ditado pela solicitação dos utentes do que pela regularidade, e só em Setembro de 1798, a administração central dava corpo ao projecto dos correios, e estabelecia o serviço das diligências de Mala Posta entre Lisboa e Coimbra que veio mais tarde a cobrir todo o território nacional, só destronado pelo advento do comboio que passou a incorporar uma carruagem para o efeito, o vagão-correio.

               Durante o Estado Novo ir-se-á assistir à construção de estações de correio em todo o território nacional, apostando no crescimento do património para uso dos utentes, sendo algumas delas um bom exemplo de vanguarda arquitetónica, embora no caso de Garvão se tivesse optado por um estabelecimento arrendado situado na Rua de Ourique.
             Este Posto ou Estação dos Correios veio a fechar na década de noventa do século XX e os serviços postais e de encomendas, passou para a Junta de Freguesia, onde o serviço é prestado pelas funcionárias.
           Para além do serviço de entrega e recepção de cartas, postais ou aerogramas durante a guerra colonial, também procedia à recepção e ao envio de encomendas, serviços de telegramas e telefone. Este serviço era prestado por uma funcionária permanente nas instalações e por um carteiro com entrega da correspondência ao domicílio.
           Como se referiu, muito antes destas instalações entrarem em funcionamento, já se procedia ao serviço de correios em Portugal e inclusivamente em Garvão, tanto através da entrega da correspondência, destinada à vila, transportada pelo comboio, desde 1888, com paragem na Estação de Garvão e na Funcheira, como antes, desde o século XIX, pela Mala Posta, cujo percurso se fazia pela Estrada Real, entre Lisboa e o Algarve.
            Primeiramente o porte, era pago por quem recebia as cartas e só a partir de 1853, começou a ser pago pelo remetente com a introdução do selo, no reinado de D. Maria II, cujos primeiros exemplares têm como motivo a efígie da soberana.
             A Mala Posta, para a distribuição do correio, tinha estações de muda de cavalos e pontos de repouso para os cavaleiros, dispostos regularmente ao longo dos percursos, de salientar que nestes tempos, não era fácil encontrar cavaleiros para esta arriscada profissão e dispostas a efectuar estas jornadas, devido ao perigo que representava a deslocação, por estradas ou caminhos do país.

            Pesada e árdua tarefa a destes correios que tinham de transportar as malas do correio por esses troços escusos e de difícil caminhada, como eram as estradas de então, atapetados de poeira e sob o sol escaldante das planícies alentejanas, ou, pior ainda, terem de suportar o frio invernoso e a chuva que transformava a poeira em lameiros intransitáveis, fazendo também transbordar ribeiras intransponíveis. Como se não bastassem estas partidas da natureza para atrasar os correios, ainda tinham de contar com o eventual e provável mau encontro com a guerrilha miguelista ou com um qualquer salteador fortuito. Receando pela própria vida muitos dos estafetas desistiam do seu emprego ante a iminência de um assalto e outros logo após a sua ocorrência, (…) (in: Vilela, 1982)

              Os assaltos e as intempéries, eram as causas maiores dos atrasos da Mala Posta, provocando graves demoras aos correios e inclusivamente a perca de malas quando os estafetas eram surpreendidos pelas cheias das ribeiras que tinham de atravessar. Os assaltos das guerrilhas do Remexido aos correios, eram notórias e se o governo se servia dos correios para transmitir e receber as informações da província, também os rebeldes procuravam estar informados e controlar estas missivas.
            Em 1839, das duzentas e noventa e uma povoações do Alentejo, apenas oitenta usufruíam de serviço de correios no Alentejo, incluindo Garvão.
              A Posta do Alentejo, partia de Lisboa e fazia a travessia do Tejo até à casa de posta de Aldeia Galega do Ribatejo (hoje Montijo) e daí continuava a carreira com paragem nas seguintes casas de posta: Pegões, Montemor-o-Novo, Venda do Duque, Estremoz, Alcraviça e Elvas.
               A posta do Algarve partia de Montemor em direcção a Évora, Viana do Alentejo, Alvito, Beja, Almodôvar, Loulé e Faro, era a partir destas localidades que partiam outros correios para as restantes populações, tanto no Alentejo, como no Algarve, nomeadamente o correio que partia de Beja em direcção a Odemira e parava em diversas localidades incluindo Garvão.

 

1 O lanço da linha do Sul onde se insere a estação de Garvão e da Funcheira, foi aberto em 3 de Junho de 1888.
2 Em Setembro de 1798, aprovou o estabelecimento das diligências entre Lisboa e Coimbra que deu origem à primeira carreira da Mala-Posta. No entanto, o estabelecimento de carreiras regulares de Mala-Posta em todo o território nacional só seria feito 50 anos depois
3 Vilela, José Luís. O remexido e os assaltos ao correio. In: História, nº 148, Jan. 1992, pp. 28-46
4 Barros, Guilhermino Augusto de. Relatório Postal do Anno Económico de 1877-1888. Lisboa, 1879.

publicado por José Pereira às 21:33

Garvão não tinha correio. Este era trazido e levado pelo porteiro à vila de Messejana.
Anónimo a 10 de Novembro de 2019 às 10:34

Obrigado pelo seu comentário.
O serviço de correio em Garvão, assim como noutras terras do Alentejo, é conhecido num período anterior ao estabelecimento das estações de correio pelo estado novo.
Como se procedia o envio e recepção desse correio, mesmo antes da distribuição pelo comboio, não tenho dados que me permita afirmar como se procedia.
Contudo aceito a sua observação, só peca por não estar mais desenvolvida, e se os serviços de Posta Rural ou Mala Posta não faziam a distribuição directa em Garvão, esta nunca deixou de receber e enviar cartas, durante a vigência desses serviços nesta parte do Alentejo.

A mala posta partia de Messejana e ía para Beja e daí fazia o trajecto para a corte da cidade de Lisboa. (não tenho agora aqui o trajecto). Todas as localidades do antigo Campo de Ourique ou a maior parte delas tinha de ir levantar ou entregar o correio em Messejana. Em cada uma destas terras havia um porteiro encarregado desta tarefa. Isto até por volta de 1830
Anónimo a 10 de Novembro de 2019 às 12:12

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