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José Joaquim de Sousa Reis mais conhecido por “Remexido”. Célebre guerrilheiro da causa absolutista no Algarve e no extremo sul Alentejano.

 

Um homem do povo que sustenta uma causa,

empunha uma bandeira e morre de pé, fiel

às suas convicções e ao seu idealismo político.[1]

 

            A tradição oral, diz-nos que pelas lutas liberais, a Igrejinha de São Pedro, junto à Estrada Real foi refúgio das guerrilhas do Algarve, adeptos da causa absolutista, comandados pelo célebre Remexido. Ainda, segundo a tradição oral, foi nesta igreja que procuravam guarida depois dos ataques perpetuados pelas terras vizinhas, possivelmente beneficiando do apoio de alguns populares, partidários do pretendente absolutista, D. Miguel.

               De facto, segundo Maria de Fátima Sá e Mello Ferreira, no livro “Rebeldes e Insubmissos, Resistências Populares ao Liberalismo” Garvão foi atacado pela guerrilha do “Remexido” várias vezes em 1837 e 1838, nomeadamente em 28 de Abril de 1837 por um bando de guerrilheiros comandados por um dos irmãos Baiôa, João ou Francisco, naturais de Ervidel, que comandavam com uma certa autonomia, em relação ao comando do Remexido, a guerrilha no Alentejo.

                Em Agosto do mesmo ano, Garvão foi novamente atacado, assim como outras vilas em redor, onde os guerrilheiros roubaram os dinheiros públicos e os rendimentos do tabaco. Ainda segundo “Rebeldes e Insubmissos”, os guerrilheiros tinham alguns apoios e simpatizantes em Garvão, pois segundo os relatórios das autoridades da época, estas dão conhecimento das dificuldades em organizar milícias cívicas, na luta contra os guerrilheiros, por falta de apoio e confiança da população.

            Segundo o relato de “Operações contra a Guerrilha Miguelista (1834 – 1844)”, do Arquivo Histórico Militar[2].

 

1838, Agosto, 14 - Dezembro, 2 - Beja

Correspondência de F. J. Araújo Lacerda para J. A. de Freitas sobre as investidas de uma guerrilha na vila de Garvão, perseguições a guerrilhas, ataques das guerrilhas do Remexido, Rachado, Cabrita e Baiôa, marcha de três colunas do Regimento de Cavalaria 4 para Beringel e Alfundão, partidas dos Regimentos de Cavalaria 1 e 3 em perseguição de guerrilhas e sobre remessa de documentação respeitante a oficiais.

 

“A GUERRA CIVIL”

             A guerra civil, desencadeada pelos partidários de D. Miguel que defendiam a monarquia absoluta do antigo regime e, os adeptos de D. Pedro IV, pela causa liberal, prolongou-se até praticamente à segunda parte do século XIX.

Apesar de a convenção de Évora Monte em 1834, ter praticamente assegurado a vitória dos Liberais, portanto dos partidários de D. Pedro IV, o país não ficou pacificado. As feridas da guerra civil levaram tempo a sarar, as incompatibilidades entre indivíduos por vezes da mesma família conduziram a perseguições e vinganças de difícil solução.

Nos meios rurais, a miséria e insegurança converteu muitos homens, meros soldados, em desertores, que lutando pela sobrevivência se tornaram em bandoleiros de delito comum, já sem qualquer ideal político.

 

“O REMEXIDO”

             Esta situação, era particularmente real no extremo sul do Baixo Alentejo e Serra Algarvia, onde se mantinha a guerrilha do Algarve comandada pelo célebre “Remexido”, de nome completo José Joaquim de Sousa Reis, natural de Estômbar, até ao seu aprisionamento na Portela da Corte das Velhas (Santana da Serra), donde foi levado para São Bartolomeu de Messines, onde residia, foi julgado em Faro a 1 de Agosto de 1838 e fuzilado no dia seguinte, também em Faro.

             José Joaquim de Sousa Reis era um antigo oficial das Ordenanças Miguelistas, no Algarve. Depois da Convenção de Évora Monte, que contemplava uma Amnistia aos soldados absolutistas (Miguelistas), que depusessem as armas e se entregassem, optou por se refugiar na Serra Algarvia, depois de verificar o tratamento impiedoso dado pelas forças vitoriosas aos vencidos, onde esteve escondido cerca de 2 anos, antes de ter reiniciado a sua luta de guerrilha contra o estado liberal.

                De facto, o comportamento das forças conectadas com os Liberais em nada obedecia ao espírito de Évora-Monte; os revoltosos foram vítimas das mais diversas crueldades e vinganças, incluindo o filho do próprio “Remexido” que este tinha incitado a render-se, e que só a fuga da prisão, depois deter sido maltratado, evitou o fuzilamento.

             A morte do “Remexido” não significou o fim da guerrilha. Esta continuou por mais uns anos, comandado primeiramente por seu filho, Manuel da Graça Reis e subsequentemente, depois da morte deste no hospital da Misericórdia de Faro em Dezembro de 1839, gravemente ferido e doente, por outros comandantes do Exército do Sul, como os guerrilheiros se autointitulavam.

 

Manuel da Graça Reis que havia sido ferido no ataque ao Azinhal, foi visto em Vaqueiros, nos montes de Martim Longo e de Almodôvar, a ser transportado pelos seus homens encima de uns sacos de palha, arrastando-se ferido de morte. Essa via sacra terminaria a 10-11-1839, nas imediações da fatídica freguesia do Azinhal, onde, quase moribundo, seria detido e transferido para o Hospital de Faro, acabando por falecer um mês depois.(47) O Padre Marçal José Espada, que se arvorava de ter sido o secretário particular do Remechido e um dos seus mais violentos sicários, foi abatido a tiro, em Dezembro de 1839, na serra do Malhão. E em 1840, junto a Mértola, foram "caçados" os últimos cabecilhas das guerrilhas miguelistas: Alferes Ventura, Silvestre Joaquim Cabrita e Joaquim Nogueira Camacho. Pode-se dizer que a partir desse ano deixou de existir uma oposição armada ao novo regime, sendo considerados literalmente exterminados os bandos de rebeldes que infestavam a serra algarvia.[3]

 

43 - Francisco Baioa foi abatido a 2-10-1838 no Monte da Fonte das Cânteras, na freguesia de Santa Vitória. E o seu irmão João Baioa foi morto a 27-11-1838, no Monte do Almargem, no distrito de Évora. Arquivo Distrital de Faro, Governo Civil, Registos da Correspondência Expedida em 1838, cota 132, registos n9 1448 e 1449, fls. 375.

44 - Segundo as informações do Administrador de Alcoutim, aquele concelho «havia sido invadido pelo Remexido? filho? e 33 companheiros, todos a cavallo, as povoações de Giões e martim-longo em os dias 27 e 28 deste mez, fazendo destruir as fortificações». Arquivo Distrital de Faro, Governo Civil, Registos da Correspondência Expedida em 1838, cota 132, registos nB 1140, fls. 293vs.

45 - O bando de Manuel da Graça Reis oscilava entre vinte e trinta homens, número esse que é referido pelo Administrador do Concelho de V. R. St® António, quando se reporta ao assalto perpetrado pelas guerrilhas na freguesia do Azinhal em 20-12-1838. Nesse ataque o filho do Remechido foi ferido numa perna e num braço. Provavelmente terá sido em consequência desses ferimentos que viria a sucumbir cerca de um ano depois. Arquivo Distrital de Faro, Governo Civil, Livro da Correspondência com os Ministros, 1838-1839, cota 355-A, registo na 714, fl. 240 v°.

46 - Com grupos de 20 a 40 homens as guerrilhas do Padre Marçal José Espada e de Francisco Nogueira Camacho arrastaram-se pelo Alentejo e o Algarve, fugindo às tropas do governo e realizando os ataques possíveis, como foi exemplo aquele que perpetraram nos Montes do Alvor e no sitio de Boina. Arquivo Distrital de Faro, Governo Civil, Livro da Correspondência com os Ministros, 1838-1839, cota 355-A, registo ns 535, de 3-8-1839.

47 - Arquivo Distrital de Faro, Registos Paroquiais, Livro de Óbitos da freguesia da Sé de Faro, 1839, cota 4-5 2547.[4]

 

FERREIRA, Maria de Fátima Sá e Mello. Rebeldes e Insubmissos. Resistências populares ao liberalismo (1834-1844). Porto, 2002

MESQUITA José Carlos Vilhena. O Remechido, glória e morte de um mito. Câmara municipal de Lagoa. 2005

 

[1] José Carlos Vilhena Mesquita. O Remechido, glória e morte de um mito. Câmara municipal de Lagoa. 2005. P. 12.

[2] Direcção de História e Cultura Militar, Arquivo Histórico Militar. Operações contra a Guerrilha Miguelista (1834 – 1844), Inventário de documentos, 1ª Divisão, 21ª Secção. Lisboa, 2007. P. 9.

[3] Idem. P. 22.

[4] Idem. P. 27/28.

publicado por José Pereira às 13:55

O Remexido não recomeçou a guerrilha em 1837, mas sim em 1836, como eu estou a ler no "Periódico dos Pobres do Porto", de 6 set.1836, p. 2, referindo-se ao acontecido em S. Bartolomeu de Messines em 23 de agosto... (na Biblioteca Pública Municipal do Porto)
Adriano Silva a 9 de Setembro de 2022 às 17:10

Agradeço o seu comentário.
Certamente a guerrilha do Remexido terá começado antes de 1837, para Garvão ter sido atacada nesse ano, esta teria começado no ano ou anos anteriores.
Cumprimentos
José Pereira
José Pereira a 10 de Setembro de 2022 às 21:40

Aqui segue: Idem 1.º de Setembro.

Acontecimentos de S. Bartholomeu de Messines.

O acontecimento de S. Bartholomeu de Messines ha de ahi chegar por differentes vias , e talvez adultera do. Eu o conto como elle foi.

No dia 23 pela madrugada foi aquelle povo assal tado de improviso por uma guerrilha commandada pe lo celebre Remechido , e por outros dous chefes conhe cidos.

Entrarão só 20 homens , e o resto que serião 40 ficou fóra em observação. — Naquelle Povo havia um destacamento do 4.° com 22 praças debaixo das ordens do Tenente Fialho , e perto de 30 Voluntarios. Esta gente achava-se aquelle tempo já a pé , preparando-se para uma diligencia ( falo do destacamento ) , e excepto 3 que se pôzerão logo em fuga , todos os mais estavão no Quartel , onde de repente forão cercados. Dous Sol dados sairão para fora , e atacarão as guerrilhas á baio neta : pagarão porem com a vida seu denodado arrojo. Os outros começarão a defender-se de dentro fazendo fogo das janellas. — O Remechido lhes gritava que se rendessem , e elles respondião ás suas vozes com gritos de = Viva a Rainha , e Viva a Carta. = É de notar que o commandante Fialho vendo que os Soldados es tavão cercados , fugio a unhas de gente , e em desabilhè para Manharella , Povo que dista 2 leguas.

Vendo Remechido que os valentes soldados se não rendião , mandou lançar alguma palha ao telhado da casa , e pôr-lhe fogo por um dos soldados. Este levou um tiro em um olho , que o mandou para a outra vi da. Porem o fogo se ateou , e os homens vendo-se suf fucados pelo fumo tomarão a resolução de saltar por uma janella , e caindo os guerrilhas sobre elles lhes ma tarão 4 , e apresionarão outros 4 , dos quaes 2 forão por elles mortos na retirada. A nossa perda foi de 8 mor tos : a dos guerrilhas de 2 ditos.

No Povo não commetterão nem roubos , nem ou tros assassinios mais ! Cousa espantosa ! apenas o Alfe res da Baioa (um dos chefes) pediu ao Parocho que lhe desse dinheiro. — O Remechido levou consigo a mulher e dous filhos , e deixou ficar a filha mais velha e dous pequenos , dizendo que se elles fossem mal tra tados havia de tornar , e nada escaparia á sua vingan ça nem ás mesmas crianças. — Todo o erro foi não se formarem os soldados e voluntarios no Quartel ; mas na quella confusão , cheios de terror , não poderão discor rer o que melhor convinha.

O Commandante não pode deixar de responder a conselho de guerra ; — havia noticias de que os homens se preparavão para este ataque , e nenhum caso se fez disso. — Logo que a noticia chegou de toda a parte correrão forças a S. Bartholomeu , porem os homens fugirão , e ainda se lhe apanharão 15 armas que leva vão. — Lá forão para os meus covís da Serra. — Não nos dá a falta de tempo lugar a largas ponderações , mas sempre diremos , que é a maior das vergonhas que ainda viva o Remechido , e subsista ain da a sua guerrilha , formada quasi desde o instante da convenção de Evoramonte! Faro 26 d' Agosto.

( Rev. de. Lisb. ) citada no "Periódico dos Pobres no Porto" que referi em cima, 6 set.1836, p. 2
Adriano Silva a 12 de Setembro de 2022 às 11:25

Muito obrigado pela informação.
Não sabia deste documento e sem dúvida trás mais alguma informação para o assunto.
Cumprimentos
josé Pereira
José Pereira a 13 de Setembro de 2022 às 20:58

Sobre o Remexido, no Periódico dos Pobres no Porto, 22 out.1836, p. 1:
SECRETARIA DE ESTADO DOS NEGOCIOS DA GUERRA.Secretaria Geral.— 1.ª Repartição.
Manda a Rainha , pela Secretaria d' Estado dos Negocios da Guerra , communicar ao Governador Mi lisar interino da Provincia do Algarve , que Lhe foi presente o seu Officio de 12 deste mez , em que re mette côpia da parte dada pelo Capitão de Infanteria N.º 4. , Joaquim Mendes Neutel , Commandante das forças em S. Bartholomeu de Messines , o qual refere que tendo marchado com 50 bayonetas do destacamen to do seu Regimento , e 17 Voluntarios em persegui ção da Guerrilha do Remechido , que apparecêra em Benafins no dia 6 em força de 60 a 70 homens , os encontrára no dia , 7 de madrugada , no monte do Malhão , onde immediatamente os atacára , avançan do pela esquerda o Tenente do sobredito Regimento , Alberto Antonio da Fonseca , com parte de força , e o mesmo Capitão pela direita com o restante , conse guindo vencer a tenaz resistencia que os facciosos ao principio oppozerão , sendo a final desalojados da for te posição que occupavão , postos em completa deban dada , e perseguidos legoa e meia por mattos quasi inaccessiveis até desapparecerem todos , mettendo-se aos dous e aos tres pelos bosques — que do inimigo se conta rão 11 mortos no campo , fóra os que ficarião por entre os mattos , em cujas veredas se viu muito snngue ; sendo para lamentar a perda do referido Tenente , que foi victima da sua valentia , cahindo atravessado com uma bala no peito , havendo mais um Soldado ferido levemente , e outro contuso — que se tomarão aos re beldes algumas armas , mais de mil balas , muitas mantas , e toda a bagagem , incluindo cinco caval gaduras maiores — e finalmente que todas as praças de linha e Voluntarios mostrarão o maior valor , avan çando por aquellas serras escarpadas , donde voltarão fatigadissimos , distinguindo-se particularmente o 2 Ser gento da Companhia de Atiradores , João José Rodri gues , o Soldado da mesma Luis Baptista , e o da 3.ª João Figueiras. Sua Magestade Ordena que o men cionado Governador Militar faça constar ao Capitão Commandante , e mais praças de linha e Voluntarios , que entrarão em similhante combate , que o seu brio so e intrepido comportamento contra aquelle bando de faccinorosos , merece os louvores da Mesma Augusta Senhora , que não Deixará de remunerar devidamen te os serviços que por essa occasião se prestarão ; e At tendendo outrosim a trinta e oito annos de bom serviço do fallecido Tenente Alberto Antonio da Fonseca , aos seus padecimentos pela Causa da Patria , e ao desam paro em que ficou sua familia , Tem determinado que a esta seja applicada a disposição da Lei de 19 Janei ro de 1827 , pela denodada bravura com que o mes mo Tenente sacrificou a sua vida em beneficio dos seus Concidadãos. Palacio das Necessidades , em 17 de Ou tubro de 1836. = Conde de Lumiares.
Adriano Silva a 17 de Novembro de 2022 às 16:18

Caro Adriano Silva
Obrigado pela sua contribuição. Mais um comentário interessante sobre as forças do Remexido, desta vez em Benafim
Um abraço
José Pereira a 17 de Novembro de 2022 às 18:56

A história só honra os vencedores.
O Tenente Fonseca, foi aquele que humilhou no adro da Igreja de S. Bartolomeu de Messines, a mulher do Remexido rapando-lhe o cabelo e dando-lhe reguadas nas mãos, à vista de todos. Na altura Remexido nada fez porque não podia, mas não tardou a vingança. Uma vez morto o Tenente Fonseca, disse o Remexido; "nunca mais vais bater em mulheres".
Viriato De Viseu a 2 de Maio de 2024 às 23:25

Caro Viriato de Viseu
Agradeço o seu comentário.
Infelizmente as guerras fazem-se de ódios e vinganças, sempre foi assim e sempre será.
Não se aprende nada com a história, nem se tem em consideração as consequências de certas acções.
José Pereira

Copia do Officio que o Commandante do Destacamento de S. Bartholomeu de Messines dirigiu ao Governador interino do Algarve.

Illm.º Sr. = Tenho feito todas as diligencias porvêr se descubro para onde marcharão os malvados de pois da dispersão , consta-me apenas que elles tem ap parecido aqui e acolá aos dous e aos tres em extrema desesperação ; porém em quanto se não ajuntarem não é possivel ir sobre elles pois são como os lobos. Os Ser renhos dizem que a perda delles forão dezesete mortos e nove feridos. Rogo a V. S.a levar o exposto ao co nhecido de S. S.a o Governo interino. Deos Guarde a V. S.a S. Bartholomeu , 12 de Outubro de 1836. = Illm.° Sr. Antonio Pedro Teixeira Ximenes d' Ara gão. = Joaquim Mendes Neutel , Capitão de Infante ria quatro.

Retirado de: Periódico dos Pobres no Porto, 26 out.1836, p. 1
Adriano Silva a 22 de Novembro de 2022 às 11:10

No mesmo jornal, "Periódico dos Pobres no Porto", 26 out.1836, p. 2:
CORRESPONDENCIA.
ALGARVE. — O nosso Correspondente do Al garve escreve-nos de Loulé em data de 18 do corren te. — Vendo hoje no Diario do Governo n.° 245 , e Nacional n.° 564 , que por noticias fidedignas de Ou rique , de 9 do presente mez , constava que a Guerri lha do Remechido fôra destroçada no sitio da Zambu jeira pelos Destacamentos do S. Bartholomeu de Mes sines , e de Silves , deixando em poder das Tropas 25 mortos , e muitos feridos. Que diabo de sommas fazem estes Srs. votados ao Governo existente , pois de dois mortos simplesmente dizem que são 25 , não ficando ferido algum , e dando-nos em desconto destes dois mortos a morte do infeliz Tenente Bello. Pelo que res peita a contar pouca mais gente do que a que ficou destroçada , como diz o dito Nacional é falso , pois que no dia 9 lhe chegou o Alferes da Baioa do Alem téjo com 220 homens armados e bem fardados , e tan to não está destroçado , que antes de hontem entrou em S. Marcos da Serra , uma legua distante de S. Bar tholomeu , e hoje se espera nesta Villa , pois ha mui to que a andão ameaçando , e por cujo motivo o Des tacamento , Voluntarios , e Paizanos todas as noites patrulhão [ valha a verdade , só os primeiros tem car tuxame , metade dos segundos sem armas , e os ter ceiros armados de capotes , porque não tem outras ] de maneira que se isto não tomar algum caminho melhor , digo-lhe que a cousa não vai bem. — Quanto a eleições já se meche muito , já tudo ferve , e como se demitiu muita gente para entrarem os influentes , temo que fa ção tudo quanto quizerem. — Para o outro Correio tenciono ser mais extenso.

Note-se que este nosso Correspondente é um Constitucional puro , e por convicção , por consequen cia merecedor de todo o crédito.
Adriano Silva a 22 de Novembro de 2022 às 11:34

Ainda no mesmo jornal e mesma página: "Periódico dos Pobres no Porto", 26 out.1836, p. 2:
De Tavira nos dizem o que segue , em data de 15 do corrente. = Ha poucos dias marcharão daqui duas Columnas de Tropa , e Nacionaes , em numero de 3$ homens , para atacar , e ver se apanhavão o Remechido , e sua Guerrilha ; porém sendo atacados pela primeira Columna , nada pode conseguir , re tirando sem resultado algum , e como a perda de um Capitão , um Alferes , e varios Soldados mortos , e bastantes feridos. Em quanto á segunda Columna , pro curando flanquear os rebeldes , já os não encontrarão , por se terem entranhado na Serra do Malhão , e por isso se retirou sem resultado algum. Consta alli que um Barco de Vapor tem conduzido para os rebeldes tudo de que necessitão , e por isso terão os Povos do Algarve por mais tempo os horrores da Guerra Civil —

( O Porto Franco. )
Adriano Silva a 22 de Novembro de 2022 às 11:37

Onde está 3$ homens, leiam 3.000 homens
Adriano Silva a 22 de Novembro de 2022 às 16:31

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