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O CASTELO de GARVÃO na LINHA de

DEFESA do ALTO-SADO MUÇULMANO

 

          A inexistência de documentação Medieval coeva que permita traçar uma cronologia dos acontecimentos relacionados com a reconquista do actual território português aos Muçulmanos, não permite apontar uma data precisa para a tomada territorial da área de Garvão.
          Desconhece-se igualmente se essa “tomada” foi pacífica ou bélica: se de conquista militar ou de fuga do exército muçulmano; se de pacto ou de rendição; se de abandono ou de ocupação pacífica.
          A fronteira, nestes tempos de reconquista, caracterizava-se por avanços e recuos. Se com D. Afonso Henriques se assistiu à conquista de territórios, Alcácer em 1160 e depois quase todo o Alentejo, posteriormente todo esse território seria recuperado pelos muçulmanos, pouco antes de D. Afonso morrer em 1185.
          Podemos assim aferir que a posse das terras alentejanas, desde as conquistas de D. Afonso Henriques, até à reconquista definitiva, oscilou várias vezes entre a posse muçulmana e cristã, nomeadamente Beja, inicialmente conquistada por D. Afonso Henriques em 1159, será abandonada quatro meses mais tarde, sendo novamente reconquistada em Dezembro de 1162. A ofensiva muçulmana dos Almóadas a partir de 1191, fez recuar novamente a fronteira até ao Tejo, ficando unicamente Évora nas mãos dos cristãos, Beja teria retornado definitivamente à posse cristã entre 1232 e 1234, no seguimento da derrota dos Almóadas em Navas de Tolosa no ano de 1212.
          A vitória cristã de Navas de Tolosa, marcou a fragilidade Almóada e permitiu aos reis cristãos da Península, relançarem a conquista territorial para Sul. A ofensiva cristã que se seguiu, permitiu a reconquista das terras perdidas além-Tejo e que marcava a fronteira até Évora.

Após uma conquista de al-Qaṣr em 1217, recuperação do sistema defensivo da cidade e atribuição de novo Foral em 1218, por D. Afonso II, parece-nos coerente que nos dois anos seguintes se terá processado a ocupação do espaço rural envolvente. De forma a manter coerente o termo Alcacerense, impedindo um provável avanço dos Cavaleiros de Évora num território que os Espatários consideravam como seu, terá sido efectuado um derradeiro esforço para conquistar o castelo do Torrão.
O natural défice em recursos humanos e económicos sentidos pela Ordem de Santiago na sua sede em Alcácer, terão forçado a Ordem a parar a ofensiva militar, de forma a canalizar os seus recursos para a ocupação da zona Norte da Bacia do Sado.
De 1220 a 1235 a fronteira estabiliza-se numa linha que passa a sul de Alcácer e do Torrão, frente a um Alto Sado Muçulmano defendido a partir dos castelos de Garvão, Messejana, Aljustrel e Beja. 1

         Depois da conquista de Alcácer e do período de consolidação territorial que se seguiu, em torno desta terra, a reconquista retoma com a tomada de Moura em 1232, Beja em 1232/1234, Aljustrel em 1234, Messejana em 1235 e Mértola em 1238 entre outras terras tomadas aos muçulmanos.
         A conquista total do Alentejo é tida em 1238, sendo de assumir que a conquista do termo de Garvão se situará antes de 1238 e posterior a 1235 depois das conquistas de Aljustrel e Messejana. O castelo de Garvão, na linha muçulmana de defesa do Alto-Sado, como António Rafael Carvalho aponta, terá feito desta praça, um dos objectivos da conquista dos cavaleiros espatários e como se afirmou anteriormente, a falta de documentação credível, não permite uma avaliação sobre a posse deste castelo, se pacífica ou bélica.

 

1 - António Rafael Carvalho, A Muṣalla do Ḥiṣn Ṭurruš/Torrão: Uma leitura arquitectónica. Alcácer do Sal/Torrão: Município de Alcácer do Sal, 2008, pág. 69.

publicado por José Pereira Malveiro às 11:50



O Castelo de Garvão em caso de perigo de aproximação do inimigo fazia sinais de fumo durante o dia, ou de fogueiras durante a noite, ao Castelo de Panoias, o de Panoias fazia ao de Messejana, o de Messejana fazia ao de Aljustrel e o de Aljustrel ao de Beja. ( ou vice-versa).
O Castelo de Garvão em principios do século XIX ainda tinha guarnição militar, mas por razões desconhecidas o castelo foi abandonado e ficou a mercê das tropas de Panoias que o tomaram.
Anónimo a 9 de Outubro de 2019 às 18:41

Agradeço o seu comentário.
De facto o livro da Misericórdia e do Sagrado Espirito Santo de Garvão, confirma a presença do Alcaide em 1810, (fólio 104 rosto).
Sobre a tomada do castelo por forças de Panoias, no século XIX, só se poderá entender dentro do quadro das lutas liberais, em que uma vila, nesta altura concelho, apoiaria os liberais do Rei D. Pedro e a outra os absolutistas do rei D. Miguel.
Quais eram umas e quais eram outras, era interessante saber, assim como este episódio da tomada do castelo e, claro, saber as fontes.

Sim foi por essa altura, era Morgado de Panoias D. Miguel da Câmara Maldonado e o alcaide-mor de Panoias era António José de Miranda Henriques, tanto um como outro apoiavam D. Miguel ao trono de Portugal. Ironia do destino os homens que apoiavam a monarquia instituída por D. Afonso Henriques neste mesmo Campo de Ourique, estão ao lado do Rei quando este abdica do poder em Évora-Monte, tanto um como o outro perderam os seus cargos e o morgadio de Panoias foi extinto! Foi por essa altura que as forças de Panoias tomaram o Castelo e vila de Garvão que até aí sempre estiveram sob o poder e influência do morgado. Não foi fácil os patriotas de Panoias tomarem o Castelo de Garvão ocupado por forças liberais a D. Pedro de influência maçónica, foram várias as tentativas uma dela foi tentada pelas 3 horas da manhã, dois guerilhas de Panoias fieis a D. Miguel fazem uma abordagem ao Castelo para saberem as fragilidade de defesa do mesmo mas à aproximação a sentinela gritou "quem vem lá" "quem vem lá" "quem vem lá" não obtendo resposta o sentinela e a guarda fizeram fogo à carga sob a escuridão da noite e os guerrilhas de D. Miguel fugiram pela estrada de Panoias e foram juntar-se as tropas que estavam já apostas para tomar o Castelo, desta vez a tentativa falhou, mas os Homens voltaram de novo a Garvão e desta vez foram implacáveis, tomaram o Castelo e correram com os vendilhões da Patria...mas durou pouco tempo a maconária expedirá tropas de Lisboa e reconquistaram o Castelo...para depois o deixarem cair e o apagar da memória de todos os verdadeiros patriotas que no Campo de Ourique davam vivas a D. Afonso Henriques e nem mesmo com um exército lberal contra eles não se submiam aos ideais de Napoleão e da revolução francesa...
Anónimo a 11 de Outubro de 2019 às 22:19

Caro Amigo
Como já deu para perceber, tudo o que diz respeito a Garvão, deve ser divulgado e este seu trecho é bastante interessante, gostaria de o colocar em destaque, mas para isso preciso da sua autorização, fontes e nome do autor.

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