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Dez 18

          Surge no livro da Misericórdia e do Sagrado Espítito Santo de Garvão a denominação de um lugar denominado por Marateca, este lugar, segundo o mencionado livro, deveria situar-se junto à travessia da ribeira, senão fosse mesmo o lugar da própria travessia ou de alguma característica desse lugar, como se verá.
          Surge, assim, na folha 122 verso:
Traslado d'Escriptura de Confissaõ de Divida Com obrigaçaõ de paga de proprio, e juros da quantia de vinte quatro mil reis, (...) que fazem Diogo Mendes Lopes d'Azevedo, e sua Mulher Catharina Maria moradores nesta villa, (...) sendo no anno de mil outo centos vinte e seis, aos quinze de Settembro a quantia de vinte quatro mil reis metalicos a razaõ de juro de cinco por cento por tempo de hum anno (...) no dia trez d'Outubro de mil outo centos vinte e quatro, (...) em especial hum quintal com arvores manças sito junto ao Lagar do Azeite nesta villa, foreiro ao Conselho desta mesma em outenta reis, e parte do Norte com dito Lagar, do Nascente com Largo, do Sul com Marateca, e do Poente com terra do Conselho.
         O mencionado lagar de azeite, a qual parte do Norte, situava-se no actual Largo da Amoreira, nessa altura denominado por Largo do Lagar o qual parte do nascente, do Sul com Marateca, (seria a estrada que atravessa a ribeira) e no Poente com terras do concelho, (presume-se que seja, ou a própria ribeira ou algum talhão de terreno, como actualmente se observa a Norte da ponte).
          Sobre a palavra Marateca não se tem encontrado nos vários diccionários de português antigo, qualquer referência credível a esta palavra.
         Encontra-se uma designação de origem árabe: Marateca (Mar’a at-Taqia, mulher devota) e encontra-se igualmente uma lenda sobre uma moura raptada e que terá dito Mar-até-cá, quando chegou ao lugar actualmente conhecido por Marateca, no concelho de Palmela.
         Contudo a palavra Marateca, encontra-se amiúde na toponomia portuguesa, seja no Norte como no Sul do país.
          Todos eles têm em comum o facto de se situarem junto a cursos de água e mais concretamente com a actividade de recolha de materiais para construção, nomeadamente, areias e cascalhos.
          Julga-se assim que o leito da ribeira, antes do nivelamento e da cobertura das margens e do leito à base de cimento, como se observa actualmente, a chamada placa, permitia a recolha desses materiais, cujo acesso era facilitado pela falta de ponte cuja construção é do início do século XX, (existe memória de uma ponte em madeira para peões, mas o trânsito de cargas pesadas de tracção animal e carroças, fazia-se pelo leito da ribeira).
         Fazia-se assim a passagem entre as duas margens pela própria ribeira, cujo leito permitia a recolha das areias e cascalhos deixados pelas cheias invernais. Ainda nos anos sessenta do século passado, antes da construção, a Sul, da segunda parte do nivelamento da ribeira, junto à ponte do perú, no caminho para o furadouro, se observava a recolha de areão e burgau, pela população, para as mais variadas tarefas de construção.

publicado por José Pereira Malveiro às 11:11

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