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Mai 18

CENTENÁRIO

“O famigerado heroi do Crime Grande da Estação do Rocio”

Na Rotunda Pela Implantação da Republica

Parte 3 (de 12)

 

          Como se observou, pela Implantação da República, em cinco de Outubro de 1910, José Júlio da Costa está ao lado de Machado Santos na Rotunda. Ainda com dezasseis anos de idade, é um dos primeiros a lutar pela revolução republicana, mesmo quando esta já se dava como perdida, levando ao suicídio do Almirante Cândido dos Reis, chefe militar da rebelião, José Júlio da Costa permanece fiel à revolução, junto das forças Carbonárias que lutaram até ao triunfo da República sob o comando de Machado Santos.

          Ao jovem José Júlio da Costa esta participação na implantação da República ao lado de Machado Santos, com os dramas que daí ocorreram, nomeadamente o suicídio do carbonário almirante Cândido dos Reis, quando julgava a causa perdida, terá pesado fortemente na sua formação politica e moldado não só o seu percurso politico mas igualmente os seus heróis.

          O percurso militar de José Júlio da Costa levou-o a Timor em 1911, como voluntário para combater a rebelião das forças do reino de Manufahi que se sublevaram nos finais de 1911, voluntariou-se igualmente para Moçambique e Angola, em 1914, para combater os alemães, o que lhe valeu um louvor em 27 de Dezembro desse mesmo ano, mencionando, na sua folha de serviços, o seu “grande patriotismo e boa vontade de desempenho de todos os serviços que era encarregado”, pelo seu cumprimento na batalha de Naulila[1], em 18 de Dezembro de 1914 entre  portugueses  e  alemães  no Sul de Angola.

          Segundo Augusto Casimiro autor de Naulila, publicação de 1922,Ao romper da manhã estava o Barão Von Water a oito quilómetros deste posto esperando as 4,3º, e supondo-se em frente do flanco direito das nossas posições. Reconhece o erro. Está em Nangula e tem na sua frente apenas os landins do pelotão de Losa, a secção que o sargento José Júlio da Costa comanda, de guarda ao vau. Trocam-se tiros.”[2] José Júlio da Costa, com 21 anos, seria sargento do pelotão da 15ª Companhia de Moçambique, comandada pelo Alferes Gonçalves Losa, composta por tropas africanas denominadas Landins[3] e enviados para Angola.[4]

          Com o posto de Segundo-Sargento, passa à vida civil dois anos depois, em 11 de Abril de 1916, com vinte e três anos, tendo por esta altura regressado a Garvão, sem primeiro, contudo, deixar de passar pela embaixada francesa, onde se ofereceu como voluntario, para combater na Grande Guerra contra os alemães, muito antes da constituição do Corpo Expedicionário Português, e do envio dos militares portugueses para França em 30 de Janeiro de 1917, o que não conseguiu por não ter passaporte. Voluntariou-se igualmente para o CEP, durante a constituição deste, o que foi também recusado.

 

[1] Incidente militar no Sul de Angola onde uma pequena força alemã  entrou  em  território  angolano na perseguição de um desertor. Apesar dos alemães se apresentarem pacificamente e aceitarem serem conduzidos ao posto de Naulila por um pequeno destacamento militar português, gerou-se uma certa confusão quando os militares alemães se tentaram retirar, provocando uma reacção violenta por parte dos militares portugueses que levou à morte dos oficiais alemães. Considerada uma “emboscada” pelos alemães que precisava de ser vingada. Na retaliação que se seguiu as tropas Alemãs, em Dezembro de 1914, ocupam Naulila tendo as tropas portuguesas de recuar para Humbe, provocando a morte de dois oficiais, um sargento, cinco soldados e cabos portugueses e vários africanos.

[2] Augusto Casimiro, Naulila, 1922, Lisboa. P. 175.

[3] Os Landins ou Vátuas eram tropas africanas com ligações guerreiras ao célebre Gungunhana, derrotado pelas tropas portuguesas e emprisionado por Mouzinho de Albuquerque em 1895.

[4] Com a data de 5 de Julho de 1930, Armando Agatão Lança, envia a Bernardino Machado uma carta onde refere, “ - V. Ex.cia, em tempos perguntou-me em que companhia tinha servido na guerra do sul de Angola o José Júlio da Costa. Serviu na 15ª companhia indígena”. 

 

In: José Pereira Malveiro, José Júlio da Costa - O Famigerado Herói do Crime Grande da Estação do Rocio, Garvão, 2018

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publicado por José Pereira Malveiro às 09:20

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