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Mar 20

A participação dos indivíduos
         
          Numa comunidade como a vila de Garvão, quando se trata de defender o bem colectivo, nota-se que os interesses particulares prevalecem, embora se tente criar a noção de defender o bem comum.
          Cria-se ou transmite-se a sensação de colocar o interesse colectivo à frente dos interesses individuais, contudo nessa participação colectiva, o voluntariado de cada um torna-se, de facto, numa manifestação de interesse individual, com objectivos próprios e a beneficiar individualmente desse empenhamento colectivo.
          Numa vila como Garvão em que se nota a necessidade de união entre a população, continua-se a assistir a manifestações dramáticas de individualismo e exarcebadas reacções contra as poucas manifestações de unidade colectiva que se assiste na freguesia.
          De facto, contra as poucas obras comuns para benefício de todos, assiste-se a actos negativos, aparentemente de indivíduos inofensivos, mas provocando diversos tipos de desequilíbrio, altamente constrangedores e insanos, não se preocupam com princípios, resistem a mudanças e recusam-se a pensar com elevação, agem de acordo com a sua própria ilusão, em pensamentos inferiores, na preponderância do orgulho e do egoísmo.
          Na realidade uma participação no bem comum em termos de igualdade participativa contradiz o desejo de ascensão social, de individualismo e até mesmo de riqueza. A igualdade implica valores de cooperação, enquanto a ascensão social repousa na inveja e na ambição.
          Esta característica está em manifesta contradição com a necessidade comum da população que insiste no espírito coletivista dos seus habitantes, quando a característica prevalecente aponta para o individualismo.
          A competição agudiza as diferenças e o crescente bem-estar individual despoleta sentimentos de competição e inveja.
          Não é dos que desalmadamente batem com a mão no peito que rezará a história.
          Também não será daqueles que vêm na vida alheia a cura das suas frustações, como um alvo a abater para se sentirem elevados, já Ghandi o disse “os fracos precisam de humilhar os outros para se sentirem fortes”.
             Mas será certamente daqueles que nos precederam, daqueles que tiveram a nobreza de um dia alcançarem um dado momento da história da vila de Garvão, história essa porque houve alguém antes de nós que esteve na devida altura no seu lugar, com maior ou menor bravura, maior ou menor sofrimento e simplesmente tiveram a nobreza e o dom, que mais não fosse, da sua própria existência.

publicado por José Pereira Malveiro às 22:10

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