Hemidracma descoberto em Garvão
Hemidracma (Exemplo)
HEMIDRACMA EM PRATA
Descoberta em Garvão
A data da constituição do depósito votivo de Garvão é apontada por uma hemidracma em prata, batida em Gades, de 238 ou 237 a.C., que pode ter circulado até aos finais do séc. III. A sua vida “útil” como ex-voto pode, no entanto, ter sido um pouco mais alongada mas, o fecho do depósito não terá ocorrido para além da primeira metade do séc. II a.C. (Beirão et al. 1985, 91 nº 81).
Segundo a discrição dos mesmos autores trata-se de uma moeda (Vala), de prata, pertence à oficina de Gades, com 17 cm de diâmetro máximo, 2 mm de espessura e 2,5 (?) g de peso. No anverso, muito deteriorado, reconhece-se a representação da cabeça de Hércules-Melkart, toucado com a pele de um leão.
O reverso mostra, centralmente, um atum, voltado para o lado direito, sobre o qual se vêem quatro signos, quase ilegíveis, de uma legenda púnica. O conjunto é rodeado por uma gráfia de pontos.
Parece tratar-se de um hemidracma (2,5g) cunhada na segunda metade do século III a. C.
O Dracma foi uma moeda de origem grega muito utilizada no mediterrâneo durante vários séculos, tomando várias formas e valores segunda a época e origem da cunhagem, esta, encontrada em Garvão, segundo os referidos autores tudo indica que tivesse sido cunhada nas oficinas de Gades, actual Cádis no sul da Espanha e o hemidracma refere-se ao valor de metade de um Dracma.
O Dracma, em utilização desde meios do sexto século a. C. era de facto a moeda da Grécia clássica, foi uma das primeiras moedas em circulação e de uso geral, o nome derivaria da palavra grega “apanhar” ou “segurar” e o seu valor corresponderia à quantidade de setas que uma mão conseguia agarrar.
O Dracma a principio tinha vários valores, conforme o lugar onde era cunhado, a partir do século quinto a cidade-estado de atenas sobrepôs-se comercialmente aos outros estados gregos e o Dracma ateniense ganhou preponderância em relação aos outros Dracmas cunhados em diferentes cidades-estados.
Diz-se que o culto de Hércules foi introduzido na Hispânia pelos fenícios. Este Hércules era o nome romano do Deus Saturno ou BAAL-MELKART, regente do tempo e dos testemunhos.
Deuses como Melkarte, o Hérakles fenício, ou Tanit, a Vénus guerreira, são pervivências de cultos que iriam prolongar-se até à época romana. Os cultos egípcios, espalhados por toda a Península, atingiram o seu grande auge na época romana, em particular o de Ísis. Encontramo-los, inclusivamente, na etapa ibero-fenícia, e talvez tenham sido até, porventura, muito anteriores. Deuses celtas como Cernunno, o Sol-Cervo, ou o culto das bifaces, ou deuses Acha, são comuns por toda a Celtibéria, mas não parecem iberos de origem.