IN: Revista Portuguesa de Arqueologia. volume 1. número 1. 1998. Uma inscrição em caracteres do Sudoeste proveniente da Folha do Ranjão (Baleizão, Beja). António Marques de Faria António M. Monge Soares. P. 156
(…) sobre o grafito gravado no fundo de uma taça de cerâmica recolhida no depósito votivo de Garvão, nada temos a acrescentar ao que J. A. Corea afirmou na conferência proferida na Figueira da Foz, em 15 de Outubro de 1994, no âmbito do VI colóquio de línguas e culturas pré-romanas da Península Ibérica (v. igualmente Correa, 1996a, p. 69).
No texto incluído nas actas do referido colóquio, Correa entendeu não aprofundar o estudo do grafito, que acabou por ser publicado por Correia (1996b, p. 272). Dele consta o NP aiot(i)ii (gen. sg.), lido por este último investigador como ab(a)ot(i)b(a)b(a), identificativo do proprietário da taça.
Como também recordou o Prof. Correa, o NP Aiotius, claramente indo-europeu, já era conhecido numa inscrição de Ávila (Abascal Palazón, 1994, p. 263). Repare-se que no grafito em causa é cumprida a regra da sequência vocálica fixa (Correa, 1996a, p. 69); porém, os signos de i assumem nesta inscrição uma forma que não tem paralelo em todos os documentos paleo-hispânicos, fenómeno que parece denunciar uma solução de continuidade no uso da escrita, talvez o reflexo das profundas mutações sociais que terão posto fim à cultura do Sudoeste durante o século V a.C. (Gomes, 1992, p. 167)