COSTUME CELTA de ATAR PEQUENAS TIRAS de PANO nas ÁRVORES De FRUTO.
Existem algumas tradições que se continuam a praticar na actualidade, mas que, cujo significado, desapareceu por completo da memória das pessoas.
Passaram à história, ou pelo menos assim se julga, contudo reminiscências de certas práticas mágico-religiosas, ainda se podem encontrar entre nós, embora já sem a sua simbologia inicial e um total desconhecimento, do seu sentido primitivo, por quem as pratica.
Faz-se porque sempre se fez. Faz-se porque já os seus pais o faziam e assim se perpectuam práticas, gestos, preces, provérbios, adivinhas, contos, histórias e lendas trazidas do fundo dos tempos até aos nossos dias.
Encontra-se em vários países de tradição celta o costume de atar pequenas tiras de pano, geralmente brancos nas pernadas das árvores situadas nas hortas e junto a poços ou fontes de água, nomeadamente na Escócia, Irlanda, Cornualha e no resto das ilhas britânicas, denominados Clootie Well.
Seriam e ainda são nalguns locais, lugares de peregrinação que se acreditava possuírem poderes mágicos e curativos de certas doenças. As tiras, (actualmente, peças de pano), banhavam-se na fonte sagrada e eram posteriormente atadas nas pernadas das árvores, acompanhadas por uma prece ou oração a favor de quem a oferta era feita.
Vestígios destas práticas mágico-religiosas, ainda se encontram, de uma certa maneira, em certas partes dos países denominados da franja céltica, não só situados nas Ilhas Britânicas mas igualmente em Portugal e Espanha.
Ainda nos anos sessenta do século passado, em certas hortas em redor da vila, se assistia a tal prática, embora, como se afirmou, desprovidas de qualquer sentido religioso, por quem as praticava. Limitavam-se a dar continuidade ao que era costume, embora no fundo acreditassem nalgum poder mágico, cujo sentido desconheciam, mas que traziam sorte e seriam benéficos em termos de colheita dos produtos semeados e plantados, sejam eles hortícolas ou frutíferos.
Uma destas hortas é a denominada Horta da Saúde, localizada na antiga Estrada Real, embora este costume se observasse praticamente em todas as hortas da vila, a Horta da Saúde apresenta certas características que a distinguem das outras, nomeadamente por lá se situar a Fonte Santa, tão agrado da população até há relativamente pouco tempo e onde se observava pequenas tiras de pano branco atadas nas pernadas das árvores de fruto. Perto desta Horta situa-se igualmente a Igrejinha de São Pedro, o que demonstra uma certa religiosidade, desde tempos imemoráveis, associada a estes locais campestres, cuja função religiosa veria ser usurpada pela nova religião cristã, como se observa noutros locais.
Segundo o novelista Stuart Hill: Pano (de qualquer cor) amarrado às árvores é uma tradição antiga no Reino Unido e na Irlanda. O pano é uma espécie de representação física de uma prece ou desejo em que se pede a ajuda de Espíritos da Natureza e Divindades. Frequentemente a oração está relacionada a questões de saúde e também fertilidade, mas pode-se buscar ajuda para qualquer tipo de problema, ambição ou necessidade. Às vezes, ofertas de moedas também são feitas, e a árvore em questão pode estar perto de um poço ou nascente, embora nem sempre. As espécies da árvore às vezes podem ser importantes (particularmente espinheiro e carvalho) embora, novamente, muitas espécies tenham sido associadas à prática. Na verdade, acho que o West Country onde Terri mora, pode ser um dos lugares onde a tradição continua com bastante força. E eu acho que pode haver práticas semelhantes em todo o mundo; talvez alguns membros da comunidade de Mitos e Mouros possam nos dizer?
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Stuart Hill, 1958, é um escritor britânico formado em História Antiga e Estudos Ingleses Clássicos, autor de The Icemark Chronicles: The City of the Icemarh, Blade of Fire, Last Battle of the Icemark and Prince of the Icemark