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 BRASÃO 

          No livro Garvão – Herança Histórica, de 1993, (p. 66), sobre o Brasão da Casa da Câmara de Garvão, consta: “ainda em 1992, aquando da caiação da Casa da Câmara, o brasão foi pura e simplesmente caiado por cima como se não existisse. Contudo, a sua maior mutilação ocorreu pela implantação da república, em 1910, quando um fervoroso republicano de nome Caetano Rosa, armado de escopro e martelo, começou por danificar o brasão e mais não destruiu porque alguém, adepto da monarquia, lhe tirou a escada onde se encontrava empoleirado.

          Acontecimento este relato pelo antigo regedor da Freguesia de Garvão, Francisco Zacarias, ao autor do mencionado livro.

          Contudo, agora pela mão do Professor António Martins Quaresma, no jornal do Sudoeste de 16/11/2017, relata outro acontecimento sobre a danificação do referido brasão.

          Segundo informação do saudoso Joaquim Maurício da Conceição Rosa, presidente da Junta de Freguesia de Vale de Santiago pós vinte e cinco de Abril, existe outra personagem que procedeu, igualmente, à sua mutilação, desta vez o próprio avô de Joaquim Maurício.

 

          Outra história que ele gostava de contar tinha como protagonista o seu avô, Jacinto Pereira Rosa, fervoroso republicano, que ajudado por um maquinista dos comboios, decidiu, após a implantação da República, picar a pedra de armas existente na frontaria do edifício da antiga Câmara de Garvão (então escola), por a considerar incompatível com a nova situação política. Criticado pelo governador civil de Beja, do Partido Unionista, que o admoestou por ele ter destruído uma obra tão antiga, o avô do Maurício respondeu que também a monarquia era antiga e tinha sido, muito felizmente, deitada abaixo. Face à lógica da resposta, o governador civil embatocou. Hoje, continuamos a ver a pedra de armas picada, na parede da Junta de Freguesia de Garvão, e lamentamos um pouco o seu arrebatamento, próprio dos tempos que então corriam.

 

           O Brasão da Câmara de Garvão, como se hoje pode observar na frontaria dos antigos Paços do Concelho, segundo Carlos Manuel Ferreira Caetano,[1] provavelmente será de origem seiscentista e teria sido realizado utilizando a velha técnica do esgrafito que consistia na aplicação sobre uma base de estuque, barro, cal ou cimento, de uma camada de tinta branca que seria posteriormente raspada com um estilete, ou mesmo com um garfo de ferro na forma que se desejava.

            A cor da base, constituindo o fundo do desenho, ficava assim exposta em contraste com o branco do resto do brasão. Realizados em materiais brandos e de fácil modelação, os brasões em estuque ou em esgrafito parece terem sido sempre rodeados de ornatos de gosto ora mais erudito, ora mais popular e podem ter sido usados em muitas zonas do país e não apenas nas regiões de cal abundante.[2]

 

 

[1] In: CAETANO, Carlos Manuel Ferreira – As Casas da Câmara dos Concelhos Portugueses e a Monumentalização do Poder Local (Séculos XIV a XVIII). Universidade de Lisboa, Faculdade de Letras, 2011. Dissertação de Doutoramento em História da Arte Moderna. P. 497.

[2] Idem, ibidem.

publicado por José Pereira Malveiro às 21:04

O escudo do antigo brasão da vila de Garvão evidencia ainda elementos de suporte à dextra e à sinistra de ramos ostentando cada um o Triskle de origem celta, o símbolo que sintetiza a sabedoria dum povo.
Garvão tal com Panoias são povoações de origem celta, e os seus brasões são testemunho disso!

José Maria Ferreira - 1/11/2018
Anónimo a 1 de Novembro de 2018 às 21:25

Caro José Maria Ferreira

É sempre um prazer ler os seus comentários. A parecença das duas imagens nos cantos inferiores do brasão e no fim dos ramos laterais, entendi, entre outras hipóteses, como uma influência dos desenhos das capas de foral manuelinos.

Contudo o contrário também pode ser verdade, (as capas dos forais manuelinos terem tirado a ideia dos antigos brasões), nem se pode entender que dito brasão não seja muito mais antigo do que isso.

A ideia do Triskle celta, de três círculos em espiral é sem dúvida atrativa, mas ainda não arranjei ligação à imagem de quatro círculos, como aparece no brasão de Garvão.

Caro José Maria Ferreira
Mais uma vez lhe quero agradecer as informações que me tem dado e ajudaram a concretização do livro sobre José Júlio da Costa.
Recebi os livros da gráfica ontem, precisamente no dia do centenário, gostaria de lhe enviar um exemplar caso me disponibilizasse a sua morada.
O seu email ze_ferreira@netvisao.pt parece estar desactualisado.
Com os melhores cumprimentos
José Pereira Malveiro
Anónimo a 15 de Dezembro de 2018 às 10:09

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