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Fev 16

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 AS TRAVESSIAS DA RIBEIRA

          Antes do nivelamento da ribeira e da cimentação do leito e das margens, o cenário que se apresentava em termos de via, ruas e travessas era totalmente diferente do actual.
De facto antes da construção daquilo que ficou sendo conhecido como “A Placa”, ou pelo menos a primeira fase deste nivelamento da ribeira que atravessa a vila, as vias para a sua travessia eram outras.

 

PONTE DE MADEIRA
          Se por esta altura a ponte em alvernaria, no centro da vila, já existia, tempos houve em que a ponte era construída de madeira, e a história de que, “Garvão tem uma ponte rota”, não deixa de ter alguma verdade e remete-nos precisamente para o tempo em que a travessia da ribeira no centro da vila que ligava o Largo do Poço da Praça ao Largo do Lagar, (agora Largo da Amoreira), se fazia através de uma ponte de madeira, segundo a memória popular, que se julga ser tanto para peões como para carros de tracção animal.
          De facto a ponte de madeira deveria estar de tal maneira degradada que justificou a construção de uma nova ponte em alvenaria, contudo a história da “Ponte Rota” e ainda segundo a versão popular, se relacionar com um individuo que perdido de bêbado pura e simplesmente caiu da ponte, quando se preparava para se aliviar do que tinha bebido em excesso.
          Numa fotografia do início da edificação da nova ponte, onde se observa a configuração dos dois vãos ainda em construção, nota-se, no local onde actualmente estão plantadas as laranjeiras, uma passagem rebaixada de acesso à ribeira.
          Essa mesma fotografia mostra um candeeiro de iluminação publica cuja base se encontra numa posição muito mais baixa que o novo tabuleiro da ponte em construção, o que parece levar a crer que a ponte de madeira seria mais baixa que a nova, permitindo assim tanto o acesso, de um lado para o outro, pela ponte de madeira, para pessoas ou animais e pelo leito da ribeira para cargas mais pesadas.
          Esta nova ponte, de dois vãos, apesar de superficialmente danificada pelas intempéries de 1997, foi, subsequentemente, substituída por uma nova ponte de um só vão. Encontra-se ainda no local, pregada na parede do posto da GNR a primitiva placa com que a Junta de Freguesia de Garvão homenageou o dono da moagem António de Brito Ramos em 1943, o qual não se poderá aqui deixar de prestar igualmente o devido reconhecimento a um dos industriais de Garvão, a quem muito se deve uma grande parte do vigor económico que se viveu nesta vila por essa altura.

 

A passagem do POÇO NOVO e a Ponte do Perú
          A antiga passagem junto ao Poço Novo, combinava passagem pedonal para pessoas, bestas e nos seus últimos dias também bicicletas, era a chamada Ponte do Perú com aproximadamente um metro de largura e possivelmente com trinta ou quarenta metros de comprimento, para compensar o vão da ribeira que aqui se alargava, muito usada por pessoas que iam ao Poço Novo abastecer-se de água, com as tradicionais quartas de água de barro cozido á cabeça ou ao quadril, quando não era em carrinhos de mão ou no dorso dos animais.
          A passagem da ribeira, pelo leito, permitia igualmente a travessia de gados, bovinos, ovinos ou caprinos quando não era também por varas de porcos e por carros de parelhas de muares para cargas pesadas, que vinham ou iam pelo “Furadouro” e evitavam assim as ingremes ladeiras do castelo.
          A criação de perus, neste local, poderá ser igualmente uma realidade, mais do que um simples lugar de passagem, de um local para o outro, destes repastos natalícios, a sua criação, no próprio leito da ribeira, alimentando-se das tenras ervas e outros arbustos, quando a corrente de água o permitia, poderá muito bem ter dado o nome á referida ponte pedonal, já que a criação destas aves em grande número, era até há bem poucos anos uma realidade que se poderia encontrar nestes lugares.

 

TRAVESSIA JUNTO AO POÇO DA VARZEA
          Havia outra passagem que desapareceu completamente, sem qualquer alternativa viária, com a construção da primeira fase da placa, que era de facto o seguimento da Rua da Oliveira rumo às hortas e atravessava a ribeira diagonalmente imediatamente a seguir às últimas casas do lado direito e ia ter um pouco antes onde actualmente se situa o lavadouro, emborcando na rua que vinha do Largo do Lagar, (actual Largo da Amoreira), e seguindo rumo à Funcheira, com um ramal rumo à Sardoa logo a seguir ao poço da Várzea atravessando a avenida nova que ainda não tinha sido construída, (actual rua Gonçalo Nobre Valente).
          O seguimento do caminho da antiga estrada da Funcheira, (que não tem nada a ver com a moderna estrada de alcatrão), seria, assim que atravessava a ribeira, junto a esta e adjunto às últimas casas da vila. A posterior e moderna estrada para Santa Luzia acabou por atravessar esta antiga estrada e dividir as casas que aí se encontram, umas ficando a Sul do lado da vila, outras a Norte no lado da estrada que seguiria para a Funcheira e Panoias.
          Esta travessia, juntamente com a do Poço Novo, seriam as primitivas travessias da vila antes desta se ter prolongado para a outra margem da ribeira e justificado a construção da mencionada ponte de madeira.

 

OUTRAS TRAVESSIAS
          Outras travessias haveria, com certeza, umas mais próximas da vila, outras mais afastadas, das mais próximas há a destacar a do Curral dos Bois, a Sul, na saída da vila para o Cerro da Forca e a passagem da ribeira junto à estrada da Funcheira, a Norte, praticamente no local da nova Estada Nacional junto à parede em taipa da várzea que se estende para Norte, direito à Igrejinha de São Pedro e Estrada Real.
          De realçar igualmente a passagem da Ribeira do Arzil junto à Estação de Garvão e no sítio da localmente chamada “Ponte Romana”, (a romanidade dessa ponte, ou não, ficará para outra altura), fiquemo-nos, por agora, em realçar o caminho que ainda se nota por detrás da antiga padaria do Arreganhado, mesmo diante da Igreja de São Sebastião (para quem está de costas para a referida Igreja) e que viria, certamente, ter à Ladeira do Padre rumo à vila.

publicado por José Pereira Malveiro às 16:11

Amigo Jose Pereira ,Li com mta satisfacao toda a narrativa das pontes tal como tho lido algumas vezes a tua publicacao em livro sobre a nossa vila ,eu calcorreei todos esses cerros barrancos e veredas ,kiz o destino ke abandonasse o trabalho do campo na horta da barragem e fizesse da marinha a mh segunda casa um ano antes do teu tio Ezequiel , ambos viemos voluntarios . nao nasci na horta da Barragem mas foi a mha primeira escola de vida aprendi a dar as primeiras bracadas nesse tanque .um abraco para ti extensivo a toda a tua familia . Ant. cangalhas
Anónimo a 5 de Outubro de 2019 às 19:42

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