Da Fundação Calouste Gulbenkian (1958-2002)
Biblioteca/Carrinha Citrôen HY
As Bibliotecas Itinerantes da Calouste Gulbenkian fazem parte do imaginário de diversas gerações, possibilitavam a leitura de livros para aqueles que não tinham fácil acesso a estes, ou promoviam a leitura junto das Escolas um pouco por todo o País.
A Fundação Calouste Gulbenkian criou este serviço em 1958 segundo uma ideia de Branquinho da Fonseca, que tinha como objectivos “promover e desenvolver o gosto pela leitura e elevar o nível cultural dos cidadãos, assentando a sua prática no princípio do livre acesso às estantes, empréstimo domiciliário e gratuitidade do serviço.” Isto chegava um pouco a todo o território nacional, com especial incidência nas Aldeias ou locais em que não existiam Bibliotecas Municipais ou não tinham fácil acesso a elas.
Na década de 70 eram muitas as vozes na Fundação que eram contra este serviço, devido aos seus poucos lucros e as muitas despesas que acarretava este tipo de Bibliotecas, mas com o 25 de Abril as coisas continuaram na mesma e quando Vergílio Ferreira assumiu o cargo de director do programa das bibliotecas itinerantes, voltou a ganhar uma nova vida.
De 1981 a 1996 contribuiu para que se promovesse cada vez mais uma animação cultural que devia estar ao alcance de todos, com leitura de contos, exposições ou encontros com autores.
A carrinha era toda ela carismática, o modelo Citrôen HY era o escolhido pela fundação para promover as Bibliotecas Itinerantes, com duas portas na traseira que abriam de par-em-par para além de uma parte lateral que abria para cima de modo a facilitar o acesso e a visibilidade desses livros que nos ajudavam a viajar e a conhecer outros mundos. As crianças podiam requisitar alguns livros infantis, contos de fados ou histórias fantásticas que ajudaram a promover a leitura em muitos jovens em formação.
Foi sem dúvida um excelente serviço para aqueles que vivendo em locais isolados, não tinham acesso aos livros e à leitura, e por ter existido algo do género nas vilas e aldeias ajudou tantos a ganharem o gosto pelo mundo maravilhoso dos livros.
Para o início efectivo das bibliotecas móveis em Portugal é apontado a data de 1953, referente ao início dos serviços de uma biblioteca-circulante, implementada por Branquinho da Fonseca, no Museu-Biblioteca do Conde Castro Guimarães, em Cascais, onde na altura exercia funções de conservador-bibliotecário. Esse carro-biblioteca deslocava-se até “às associações, escolas e lugares centrais das povoações, proporcionando, através do empréstimo domiciliário, o acesso ao livro pela população.”. Era de carácter gratuito e o acesso às estantes era livre.
Em 1958 a Fundação Calouste Gulbenkian (FCG) criou, por sugestão do mesmo Branquinho da Fonseca, um serviço similar ao de Cascais, mas que almejava abranger todo o território nacional, incluindo mesmo os arquipélagos. Surgiu assim o Serviço de Bibliotecas Itinerantes (SBI), que B. da Fonseca dirigiu até à sua morte (1974). Este tinha como objectivos “promover e desenvolver o gosto pela leitura e elevar o nível cultural dos cidadãos, assentando a sua prática no princípio do livre acesso às estantes, empréstimo domiciliário e gratuitidade do serviço.” Afigurava-se como tal um serviço de leitura pública moderna.
O público a quem era mais dirigido o serviço era sobretudo aquele que era mais parco no acesso à educação e cultura, habitando nas regiões mas desfavorecidas. Estendendo-se a todas as faixas etárias. Todavia será no público mais jovem que este serviço terá melhor acolhimento, apesar de se pretender contemplar de modo símile todas as idades.