Parte do Telhado Caiu
Para quem passa pela Ladeira do Padre, muito dificilmente, não repara numa casinha humilde, sem grandes traços arquitetónicos, sem janela e com uma só porta, mas de uma graciosidade enorme, cuja singeleza dos seus traços medievais, nas suas paredes carregadas de cal, nas suas arestas arcaicas que os séculos teimam em moldar e se pronunciam no imponente campanário que se sobrepõe à singularidade do edifício, não deixa, não pode deixar de lamentar o abandono votado nas últimas décadas.
Infelizmente, este edifício não tem merecido a devida atenção que merecia, para além do sino que foi retirado há cerca de quinze anos, desabou agora uma parte do telhado, estando o resto em risco de desabar.
No quadro concelhio medieval, o Açougue com o seu sino, conjuntamente com a casa da Câmara, as igrejas e o Pelourinho, entre outros atributos concelhios, era um dos edifícios que reconheciam e simbolizavam o concelho.
As Cartas de Foral, nomeadamente a de Garvão de 1267, são bastante proliferas em legislação sobre o Açougue: o que se vendia, as taxas a pagar e a proteção sobre a violência entre vizinhos e mercadores neste local.
Ver este edifício desabar, (e sem sino), é vermos desabar a nossa história e a nossa cultura, mas acima de tudo é vermos fugir às novas gerações a nossa memória colectiva que sem os mais velhos e sem as referências ancestrais se enterram em cada cova.