15
Jun 24

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PASSADA em SANTA LUZIA pelo DRAMATURGO D. JOÃO da CÂMARA

 

     A peça de teatro “A Triste Viuvinha” do dramaturgo D. João da Câmara, desenrolasse em parte em Santa Luzia e rememora o período de 1820 a 1834, período do fim do Ancien Regime, de implantação do Liberalismo e de guerra civil, em que a população portuguesa vivenciou inúmeras repressões, violência e supressão das liberdades civis.

     O drama passasse entre 1890 e 1897, posterior ao Ultimatum Inglês, símbolo de vergonha nacional, em que o direito às possessões portuguesas em África, foi definido, não pela descoberta, mas pela efectiva ocupação e como tal em muito reduziu as possessões portuguesas em África, como consta no Mapa Cor de Rosa, imposto pela Inglaterra.

     Foi representada pela primeira vez no teatro Dona Maria II, no dia 11 de Dezembro de 1897, interpretado como o momento e a maneira adequados de repensar o destino de Portugal, sob uma perspetiva provincial e, neste caso, de retratar os costumes alentejanos. Fizeram parte do elenco os nomes mais notáveis do teatro português da altura.

     Se no século XV os portugueses descobriram novas terras e construíram um império; no século XIX, viram-se confrontados com  o expansionismo britânico e redução das suas possessões africanas. É neste panorama que D. João da Câmara insere este drama numa aldeia do interior, neste caso Santa Luzia, (uma das duas freguesias do então concelho de Garvão) e refletir sobre a dificuldade de absorção e divulgação das novas ideias políticas e novos costumes do quotidiano, em particular pelas pessoas simples daquela região e de uma forma geral pela própria nação lusitana, assim, o enredo é elaborado sob uma perspetiva histórica saudosista, e a melancolia é o sentimento que pesa sobre os personagens.

     São sete as personagens que movem a intriga, o velho Rebelo, tabelião retirado para a aldeia de Santa Luzia, muito religioso, é um miguelista saudosista do Absolutismo. Reside na sua casa com Nazaré, viúva do seu filho Manuel e a tia desta, a velha Maria do Ó, solteirona e beata que encontrou alguma comodidade junto da sobrinha depois de uma vida com dificuldades.

     Rebelo tem “saúde gastada e idade decrépita” e com a morte do filho, encontrou na nora a compensação para que o desgosto, não lhe fosse fatal. O seu desgosto e a dor da sua solidão são substituídos pela presença de Nazaré, ela é a triste viuvinha do seu único filho Manuel, passados dois anos de casamento.

     Nazaré é condenada à viuvez eterna pelo sogro, e pela comodidade de sua tia que tem medo de perder o bem-estar na casa de Rebelo e quando Nazaré lhe confidencia que quer casar outra vez, esta faz-lhe lembrar que: (…) há-de herdar do sogro, duas cerquinhas, um ferragial, belas herdades, montados, terras de pão, várzeas das melhores, casa de bom recheio, e para não deitar tudo a perder.

     O Alferes, viúvo, vive com seu filho, João da Alegria, por quem Nazaré se virá a apaixonar.

     João da Câmara tece um conceito de saudade, na personagem do velho Rebelo, quando ele impõe a presença da nora, retratada como viúva e assim, como símbolo do filho ausente. Ele sente alegria de ver a tristeza estampada no rosto dela, não se importa com a perda da sua juventude em prol dela se manter fiel ao falecido marido, faz questão que ela seja a triste viuvinha.

     Na peça, João da Alegria, declama o seguinte poema:  

 

Senhora de Santa Luzia.

Lavada do vento norte.

Quem nela tem seus amores?

Não pode ter melhor sorte,

publicado por José Pereira às 22:05

10
Jun 24

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COMO SE FOSSE SURDO, CEGO E MUDO.     

    Uma nova moeda de cinco euros foi lançada em comemoração dos 500 anos do nascimento de Luís de Camões, o maior poeta de Portugal. A imagem de Camões na moeda tem gerado polêmica devido à sua estilização, que dificulta a identificação do autor de “Os Lusíadas”.
     De facto, estamos perante um Camões sem orelhas, nariz e boca, como se fosse surdo, cego e mudo.
     Para quem, na sabedoria popular é retratado como cego de um olho, mas via bem dos dois, aparece agora, quando não o conseguiram calar nem censurar em vida, calado e amordaçado.

publicado por José Pereira às 14:40

06
Jun 24

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O homem por detrás do mito, a intrigante vida do maior

poeta português que nasceu há 500 anos.

 

     Em 2024, faz precisamente 500 anos do nascimento de Luís de Camões, o nosso maior poeta, data consagrada ao Dia de Portugal.

     Portugal deve ser um dos poucos países do mundo, nem sempre notada ou valorizada, que, ao contrário da maioria dos países, tem o seu Dia Nacional baseado num Poeta, num Homem da literatura, e não num feito bélico, numa batalha, numa conquista, em derramamento de sangue, como celebram outros povos.

     Isabel Rio Novo, nas sua Biografia de Camões, afirma: Camões é tão rico e inesgotável que tem conseguido ajustar-se a todas as épocas e prestar-se a formas diferentes e até opostas de instrumentalização. E depois, há nele aspetos que tocam muito na dita alma portuguesa, ou pelo menos nos temas que acalentamos na literatura e nas artes. O amor. A viagem. O desterro. A saudade. O oceano…

     Camões é tão genial que resiste a tudo, até às más citações, até às banalidades, até aos aproveitamentos que fazem dele, até às visões redutoras. Sai sempre por cima. E isso tem a ver com uma espécie de genuinidade a que é difícil alguém ficar indiferente. Há qualquer coisa de fatal e de fascinante no homem de letras e de armas honrado, que não se verga diante dos caprichos da fortuna nem das desfeitas dos seus contemporâneos. O homem que não descrê do seu talento mesmo quando quase toda a gente parece ignorá-lo e mesmo que isso lhe provoque uma amargura indisfarçada.

            Luís Vaz de Camões, filho de Simão Vaz de Camões e de Ana de Sá e Macedo, terá nascido por volta de 1524/1525, não se sabe exatamente onde, e morreu a 10 de junho de 1580,esteve preso duas vezes, perdeu o olho direito no Norte de África, embarcou para a Índia por castigo, viveu pobre e morreu na miséria, este homem, de barba ruiva, que tinha os nervos à flor da pele e era viciado no jogo, escreveu a mais extraordinária obra da língua portuguesa: “Os Lusíadas”.

     Ainda, segundo, Isabel Rio Novo, o poeta viveu sempre de mão dadas com a má fortuna e que alguma vez tenha vivido em sossego, era instável, brigava com a maior facilidade, ardia sentimentalmente em várias chamas, muitas vezes por culpa própria, vivia em constante  tribulação e foi detido pelo menos duas vezes.

     As grandes mudanças na sua vida deveram-se a castigos, tal como em 1552, quando, após a procissão do Corpo de Deus se envolveu numa contenda, no qual terá puxado da espada e ferido um guarda do Palácio real. Foi detido na cadeia municipal do Tronco, em Lisboa, (onde hoje se situam as portas de Santo Antão).

     Ali permaneceu nove meses até ter merecido perdão real. Há quem defenda que a agressão ocorreu porque o poeta se apaixonou por uma dama de condição muito superior, ou seja, um amor proibido.

     Sabe-se também que a embarcou para a índia em 1553, que regressou à pátria em 1570, que editou “Os Lusíadas” a 12/03/1572, que morreu provavelmente vítima de peste, por volta de 1580 e que a mãe assistiu ao seu funeral e passou a usufruir da pensão anual de quinze mil reais que o Rei Dom Sebastião lhe tinha atribuído aquando da publicação do poema Épico.

 

À PARTE....

      Mais uma oportunidade perdida, em Garvão, de se fazer uma exposição comemorativa desta data, não só pela figura de Camões, mas igualmente para promover a coesão social, o espírito comunitário, a convivência e a intercomunicação entre a população.

publicado por José Pereira às 20:31

05
Mai 24

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Foi apresentado, dia 4 de Maio de 2024, pelas 16:00 horas, na Biblioteca Municipal de Ourique, a mais recente obra do historiador José António Falcão, intitulada Parecer e Ser: Excursus Vital de D. António Paes Godinho, Bispo de Nanquim, natural de Santa Luzia, (então uma das duas freguesias do Concelho de Garvão), onde foi baptizado a 16 de Abril de 1688, filho de Estevão Guizado, ou Estevão Guizado Godinho e de Isabel Velho.[1]

 

     Em nota de imprensa, o autor destacou o “profundo trabalho de investigação que traz para a ribalta uma das mais influentes personalidades do Portugal do tempo de D. João V”. Considerou também o bispo de Nanquim uma figura que o “intrigava” devido às circunstâncias da política internacional do tempo do imperador Kangxi impediram de chegar à China, mas que trouxe o Extremo-Oriente até ao Alentejo.

     Sublinhou que se trata “de uma personalidade quase mítica da história de terras como Santiago do Cacém, Viana do Alentejo ou Mafra, para não falar da aldeia onde nasceu, Santa Luzia, hoje no concelho de Ourique; no entanto, a sua existência foi bem palpável e deixou fortes marcas”.

     Grande parte dessa aura “deve-se ao facto de ter sido membro destacado de um movimento espiritual radical, profundamente reformador, a Jacobeia, que assumiu as rédeas do poder no tempo de D. João V e foi depois objeto de perseguição por parte do Marquês de Pombal”, acrescentando ainda que “D. António Paes Godinho manteve, afinal, mesmo nas mais altas instâncias, a sua maneira de ser como alentejano de lei”.

     José António Falcão é Historiador de arte, museólogo e professor universitário. É Especialista no âmbito da arte e da arquitetura religiosas, tem consagrado a sua atividade ao estudo e salvaguarda dos bens culturais do Alentejo, granjeando prémios portugueses e europeus. Dirigiu o Departamento do Património Histórico e Artístico da Diocese de Beja desde a fundação (1984) à extinção (2017) deste serviço, distinguido pela UNESCO como “exemplo do resgate cultural de um território”. Foi responsável pela criação, em 2006, da Rede Museológica daquela diocese, formada por oito museus.

In: Livro sobre o Bispo de Nanquim que trouxe a laranja da China para o Alentejo lançado em Ourique (sapo.pt)

 

[1] Falcão, José António. Parecer e Ser, Excursus Vital de D. António Paes Godinho, Bispo de Nanquim. 2024. P. 26.

publicado por José Pereira às 21:01

03
Mai 24

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Da realizadora:

Susana Nobre (Natural de Garvão)

(Parte da obra foi filmada em Garvão)

A apresentar em Garvão e Ourique.

 

IN: Munícipio de ourique (cm-ourique.pt)

Sábado | 18 de Maio | 21h30 | M12 | 3€

Classificação: M12

Género: Drama

Título Original: Cidade Rabat

Realizador: Susana Nobre

Com: Raquel Castro, Paula Bárcia, Paula Só, Sara de Castro, Laura Afonso

Duração (minutos): 101        

Helena tem quarenta anos e tem uma filha com doze anos chamada Maria com quem vive, em semanas alternadas com o pai. Helena trabalha como produtora de cinema e sente-se reprimida pelo quotidiano burocrático das suas funções. Após a morte da sua mãe, Helena é atingida por um sentimento de orfandade enegrecido pelo ambiente de morbidade que a envolveu nos últimos tempos. Esse olhar tocado pelas misérias e tristezas do mundo, na equidistância em que se encontra entre o princípio e o fim da vida, provocam em Helena o despertar de uma segunda adolescência.

Prémios

- Grande Prémio Cidade de Coimbra, Caminhos do Cinema Português, Portugal'23
- Melhor Argumento, Caminhos do Cinema Português, Portugal'23
- Palmeira Dourada - Prémio Especial do Júri - Mostra de Valência IFF, Espanha'23

Festivais

- 73º Berlinale - Berlin International Film Festival - Forum Competition, Germany'23
- IndieLisboa - International Film Festival, Portugal'23
- Cine Europeu de Montevideo, Uruguay'23
- Festival do Rio, Brazil'23
- Lima Alterna - Festival Internacional De Lima, Peru'23
- Mostra de Valência IFF, Spain'23
- IBERTIGO, Canarias'23
- Caminhos do Cinema Português, Portugal'23
- Laceno D´oro IFF, Itália'23
- FIDBA, Argentina'24
- Festival de Cinema de Lafões, (FESCILA), Portugal'24

 

COM Raquel Castro, Paula Bárcia, Paula Só, Sara de Castro, Laura Afonso 

REALIZAÇÃO E ARGUMENTO Susana Nobre

FOTOGRAFIA Paulo Menezes aip 

ASSISTENTE DE REALIZAÇÃO André Silva Santos 

DIRECÇÃO DE ARTE Cláudia Lopes Costa

MAQUILHAGEM Iris Peleira 

FIGURINOS Tânia Franco 

MONTAGEM Martial Salomon 

SOM João Gazua 

MONTAGEM DE SOM E MISTURA Nuno Carvalho 

COLORISTA Paulo Menezes aip 

DIRECÇÃO DE PRODUÇÃO Mônica Noronha 

PRODUTORES João Matos, Janja Kralj

 

Trailer: https://youtu.be/woJ156uImrY

 

publicado por José Pereira às 18:33

01
Mai 24

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A menina dos olhos tristes que chorava porque «o soldadinho não volta do outro lado do mar» era a imagem perfeita da nossa própria angústia naquele universo de jovens que víamos partirem todos os dias para a guerra e não regressarem, num destino que sabíamos poder em breve vir também a ser o nosso.

 

Música: Zeca Afonso

Letra: Reinaldo Ferreira

 

Menina dos olhos tristes

O que tanto a faz chorar

O soldadinho não volta 

Do outro lado do mar

 

Senhora de olhos cansados

porque a fatiga o tear

o soldadinho não volta

do outro lado do mar

 

Vamos senhor pensativo

olhe o cachimbo a apagar

o soldadinho não volta

do outro lado do mar

 

Anda bem triste um amigo

uma carta o fez chorar

o soldadinho não volta

do outro lado do mar

 

A lua que é viajante

é que nos pode informar

o soldadinho já volta

Do outro lado do mar

 

O soldadinho já volta

está mesmo quase a chegar

Vem numa caixa de pinho

desta vez o soldadinho

nunca mais se faz ao mar

publicado por José Pereira às 22:33

25
Abr 24

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Na primeira pessoa

Há 50 anos no Largo do Carmo

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Jornal Républica de 26 de Abril de 1974.
Assinalado, em circulo branco, o Editor do Jornal de Garvão.

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Capacete de Ferro.
Do assalto à sede ou delegação da Legião Portuguesa, no Bairro Alto, em Lisboa, pelo Editor do Jornal de Garvão e outros populares.

     

     A manhã tinha acordado fresquinha. Na rádio ouvia-se o hino nacional e, o programa das forças armadas.

     17 aninhos. Paquete (moço de recados), em Lisboa, na empresa Nova Idade que publicava: O Volante e O Musicalíssimo.

     Mário Ventura Henriques, (preso em Caxias e solto pelo 25 de Abril), José Vaz Pereira, Bernardo Brito e Cunha (BBC), entre outros, eram os “colegas”.

     Também por lá passaram, Zeca Afonso, José Saramago e Lino de Carvalho, (igualmente preso no forte de Caxias e libertado pelo 25 de Abril), no projeto de um novo jornal.

     Dias antes, na sede da PIDE, na rua António Maria Cardoso, a entregar ou receber documentos.

     Dias depois, numa quinta-feira, a 25 de Abril, na rua da PIDE, as balas zumbiam no ar e assistia ao assassino de cidadãos.

     No quartel do Largo do Carmo, um militar manda afastar os populares e ouve-se as rajadas e as paredes metralhadas.

    Saiu um carro preto. Sai uma autometralhadora. Rende-se Marcelo Caetano aos militares revoltosos.

     Nos dias seguintes era a festa da liberdade, das manifestações espontâneas, o grito amordaçado, durante tantos anos, que se soltava. O país assistiu a uma exaltação popular, como nunca antes tinha vivido, só quem assistiu e viveu estes dias a poderá ter, como o dia mais marcante da sua vida, fora do seu círculo familiar.

     Desse dia ficou a lembrança, uma foto no jornal República (do dia 26) e um capacete de ferro do assalto à sede ou a alguma delegação da Legião Portuguesa no Bairro Alto.

      Hoje passados tantos anos, admiro a coragem e a maturidade destes jovens oficiais com pouco mais de trinta anos. De um jovem oficial - que agora sei que se chamava Salgueiro Maia - da sua maturidade em lidar com uma situação potencialmente explosiva e delicada.

     De um jovem oficial que agredido por um Brigadeiro, afecto ao regime, se manteve incólume e firme na sua dedicação á revolução.

     De um comandante de um navio e, de uma frota, que se recusou em abrir fogo sobre os camaradas revoltosos e sobre uma população indefesa, só porque saiu á rua em defesa da liberdade.

     De um soldado artilheiro de um carro de combate que preferiu fechar-se dentro do tanque e desobedecer a ordens superiores, do que disparar contra os colegas revoltosos e de um segundo-comandante, afecto ao regime, que compreendeu a situação e impediu uma carnificina.

     Situações potencialmente conflituantes que poderiam ter descambado num banho de sangue e pôr em risco uma revolução que hoje se identifica com revolta, esperança, liberdade e o entusiasmo de uma população amordaçada e frágil, como os cravos vermelhos que a simbolizam.

publicado por José Pereira às 13:09

20
Abr 24

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      Considerando o conceito de património, enquanto classificação atribuída no presente a construções que na sua maioria foram criadas no passado e que se pretende transitem para o futuro, é de realçar a importância do conhecimento histórico, como forma de conferir valor a esses testemunhos, de os projetar para o futuro e de lhes atribuir a devida importância patrimonial.

     A indecisão pauta-se entre a opção em manter a ruína até ao seu esquecimento, ou pela recuperação desse património e nesta perspetiva salvaguardar um passado que embora corresponda a diferentes épocas e modos de viver, mas cuja salvaguarda e conhecimento é necessário para valorizar o presente que merecem ser guardados.

      Explicam igualmente o nosso presente, as memórias que definem a nossa identidade coletiva, (ou individual), e que asseguram o futuro e a continuidade herdados do passado, no qual uma comunidade reconhece sinais da sua identidade e que pretende transmitir às gerações futuras.

     Os patrimónios materiais ou mesmo memoriáveis, perdem o seu sentido para as gerações seguintes quando não são devidamente salvaguardadas e divulgadas, ou partem os conhecedores das memórias, aqueles que possuíam as lembranças e tradições que lhes estavam associadas, e não se levam a cabo as ações de identificação, estudo e divulgação com vista ao registo e à valorização desse património.

      Se não for dada a conhecer às novas gerações, a história ligada ao património legado pelos seus antepassados, através da investigação, intervenção e divulgação histórica, o seu significado perde-se e muito dificilmente lhes continuarão a ser atribuídos valores, ou a ver neles qualquer traço de identidade e valorização, assim como, inevitavelmente,  perdem o seu valor como património.

     A reconstrução daquilo que nos chegou do passado, ou apenas a consolidação do existente, como opções essenciais na preservação do património, (ainda que o estado de degradação seja elevado), para que não desapareçam por completo e deixem de fazer parte da nossa lembrança colectiva, permitirá, não só um maior conhecimento do património associado à memória, mas, também à revitalização da economia e à criação de emprego, já que o património histórico-cultural é uma atividade económica e a patrimonialização valoriza o bem conservado.

     Contudo, se o seu valor patrimonial se cingir ao estudo pelos especialistas, corre o risco de não ser devidamente valorizado pela comunidade, mas se essa importância for divulgada e dada a conhecer ao público em geral e á comunidade que lhe diz directamente respeito em particular,  o mesmo pode vir a ser entendido e consequentemente valorizado como património, como um símbolo identitário que se quer preservar e transmitir, impedindo-se que fique esquecido no passado e não se venha a transmitir para o futuro.

publicado por José Pereira às 10:14

17
Mar 24

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CAPA JG30.jpg

Clique para ler JG30.pdf

EDIÇÃO COMEMORATIVA dos 50 ANOS do 25 de ABRIL de 1974

Folheto de Apresentação1 (1).jpg

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Clique para ver outros jornais.

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Os jornais locais têm um papel muito importante na preservação das memórias locais, são um guardião das histórias, tradições e identidades, registam informações, de uma forma que nenhum outro meio de comunicação o faz.

O Jornal de Garvão, que comemora este ano 30 anos da sua existência, tem procurado a participação direta dos habitantes desta terra e de uma forma geral procura estimular a escrita e a leitura e promover o diálogo e o debate.

Daqui a umas gerações, quando só as notícias mais longínquas e de cariz nacional ou global restarem, apercebemo-nos de que nada saberiam, se não fossem estes registos, sobre o que se passou na nossa terra ou sobre a sua história e património que paulatinamente vão desaparecendo.

publicado por José Pereira às 10:34

11
Mar 24

Cartaz comemorativo dos 50 anos do 25 de Abril em Garvão.

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publicado por José Pereira às 19:22

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