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Publicação do Livro da Misericórdia e do Sagrado Espírito Santo de Garvão

 

     A história da ação misericordiosa em Portugal é uma narrativa de cobiças, conflitos e redes de poder que se sobrepunham às necessidades das populações locais.

     A assistência aos mais desprotegidos, depressa gerou conflito de interesses, pelo controle do enorme património fundiário que as Irmandades vinham a acumular.

     Tal riqueza inspirou buscas de estratégias de usurpação por parte das elites locais e da Coroa portuguesa que culminou com a fundação das Santas Cazas da Misericórdia em Portugal.

     Este livro tem como objetivo proceder à transcrição de um documento, da Santa Casa da Misericórdia de Garvão, redigido entre os anos de 1734 e o ano de 1878, do Arquivo da Junta de Freguesia de Garvão.

     Trata-se de um documento que nos dá diversas informações, tanto nas práticas caritativas e relações sociais da população, como e principalmente na gestão patrimonial dos legados fundiários.

     A análise deste documento manuscrito, vem mostrar a importância da recuperação e divulgação destas fontes da história local, ao realizar uma transcrição, inserindo e identificando o conteúdo transcrito num contexto histórico, social e religioso da sua época; identificando termos arcaicos nas várias áreas sociais que abrange; identificando nomes de propriedades e localidades; mostrando os diversos cargos dos órgãos sociais destas Irmandades.

     Este trabalho vem contribuir, à sua medida, para a produção e divulgação destas pequenas histórias locais e para o desenvolvimento de estudos paleográficos, como uma ferramenta para auxiliar na aquisição de conhecimento e novas interpretações de fatos, procurando contribuir, com a divulgação destes documentos, embora raros mas que ainda se encontram nos arquivos locais, e que em muito contribuem para uma pesquisa histórica, social e cultural, destas localidades do interior de fraca ou nula representatividade.

     Contudo a transcrição de textos antigos, obedece a reproduzir o documento, conforme tal foi escrito originalmente, tendo todo o cuidado em não o alterar, para a ortografia actual, devendo-se respeitar a ortografia original, embora, por vezes, se confronte com o facto da caligrafia e abreviaturas utilizadas, nesses importantes e preciosos documentos, não serem legíveis ou entendíveis na atualidade, tais como sinais abreviativos, sinais de pontuação, paragrafação, translineação e, separação vocabular.

      Na edição destes textos manuscritos de épocas anteriores é necessário garantir a preservação das características originais do documento pesquisado, facto de extrema importância para o trabalho futuro de linguistas históricos. Dessa forma, o trabalho de edição e preparação de textos deve ser realizado visando à fidedignidade máxima ao documento original e uma transcrição rigorosamente conservadora de todos os elementos presentes no documento.

publicado por José Pereira às 17:44

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