Uma das artérias da vila de Garvão designava-se por Travessa do Álamo, hoje denominada por Rua do Álamo.
A designação desta artéria deve-se ao curso de água que corre paralelamente a esta via e atravessa a vila. Curso de água esse denominado localmente por ribeira, cujas águas derivam de dois afluentes que se juntam a Sul da vila, no local denominado por Curral dos Bois, uma linha de água vem do Monte da Monchica e a outra vem do Monte Zuzarte.
Segundo os registos, do século XIX e anteriores, nomeadamente nos assentos paroquiais e nos Tombos das propriedades concelhias, a denominação desta ribeira era designada por Ribeira do Alimo e por Pego do Alimo, relativo a alguma retenção de água nalgum lugar quando esta não corria.
No livro do Tombo de Garvão com a data de 12 de Maio de 1826, surge a informação:
Terreno ao pego do Alimo junto a esta vila de que é efiteuta Manuel Jacinto, paga de foro 160[1]
O Rocio ao pego do Alimo, que serve de eiras para o povo, do qual já se aforarão dois bocados para casas, e vão estar já relacionadas a Joaquim mestre e a Mariana Guerreiro.[2]
Nos registos paroquiais de Garvão, respeitante aos baptizados no ano de 1858, é registado Maria, em 13 de Maio, filha de Jerónimo José e Inácia Maria, moradores na Ribeira do Alimo.
A designação da palavra Álamo ou Alimo referente a curso de água, encontra-se a Norte a Sul do país, nomeadamente em Ourique cujos registos paroquiais consta com a data de 29 de Dezembro de 1910, um individuo, de nome Júlio que nasceu no Moinho Novo da Ribeira do Alamo, igualmente junto a Mértola, surge em mapas antigos um curso de água denominado por Rio Limas, também nas ilhas (Ribeira da Lima na ilha do Pico) e o Rio Lima em Viana do Castelo.
Segundo alguns autores, nomeadamente José Ferreira do Amaral e Augusto Ferreira do Amaral em Povos Antigos em Portugal,[3] o vocábulo Lima denominaria um hidrónimo, tratar-se-ia de uma palavra de origem Celta ou Lígure, que significaria esquecimento e estaria na origem da nomeação destes lugares.
Contudo, devido ao elevado número de cursos de água com esta designação, não é plausível esta explicação, embora, segundo Jorge de Alarcão[4] em A propósito do hidrónimo LETHES[5], argumente sobre o “rio do esquecimento” e depois do nome romano para “rio olvido”, seja plausível esta explicação para o Rio Lima de viana do Castelo, por outro lado a explicação, segundo certos autores, que Lima ou Limia derivaria do celta Lima e designaria inundação ou “rio da terra alagada”, parece ser uma explicação mais plausível, tendo em consideração os vários rios e ribeiras com esta denominação.
Outros autores defendem que Lima viria do latim Limaea, do galego Limea, do qual os reis germânicos, suevos e godos, teriam tomado como topônimo de identificação.
As alterações fonéticas, comum a todas as línguas que se observam ao longo dos anos, veio a fixar a denominação deste lugar no actual Álamo, não em referência à ribeira, ou ao pego de água, cuja localização se perdeu, mas na artéria que lhe corre paralelamente.
[1] Livro do Tombo do Concelho de Garvão, de 12 de Maio de 1826, fólio 7.
[2] Livro do Tombo do Concelho de Garvão, de 12 de Maio de 1826, fólio 8.
[3] José Ferreira do Amaral e Augusto Ferreira do Amaral. Povos Antigos em Portugal. Paleontologia do território hoje português. Lisboa, 2000. P. 100.
[4] Professor Catedrático Aposentado da Faculdade de Letras de Coimbra; Membro do Centro de
Estudos Arqueológicos das Universidades de Coimbra e do Porto.
[5] Jorge de Alarcão. A propósito do hidrónimo LETHES. FORUM 44'45,2009/2010, Pág. 113-120.