21
Jun 21

 

          É difícil ouvir falar de "um Garvão” que não assuma uma perspectiva de divisão contaminada de pseudo-interesses tacanhos.

          Deve-se acreditar acima de tudo na diferença, na multiplicidade de opiniões e vontades como suplemento vitamínico e gerador de escolhas para uma vila mais próspera e saudável.

          O desconhecimento, a falta de visão, a falta de ambição, o fechamento sobre si próprios – face ao desconhecimento do exterior - defendido em surdina por alguns, seja face às restantes regiões que nos rodeiam, seja face a um mundo muito maior, cheio de oportunidades, conhecimentos e ideias, leva a uma perigosa ignorância, estagnação e degradação das instituições culturais e sociais.

          É preciso recusar-se a pensar que por cá não existem pessoas cultas, com outros conhecimentos e visões, que por cá não existem leitores seguidores de José Saramago, de Fernando Pessoa, de Florbela Espanca, de Eça de Queiróz, Agostinho da Silva ou Camões, que por cá não existem cinéfilos seguidores de Woody Allen, Chaplin, Oliver Stone ou Michael Moore, ou fãs incondicionais de pintores, músicos, historiadores ou filósofos.

          É preciso recusar-se a pensar que por cá não existem pessoas que se destacaram como profissionais, nas várias profissões que exerceram, ou militares que exemplarmente progrediram nas suas carreiras, que por cá não existem pessoas que se destacaram na área da medicina, ou na engenharia e arquitetura, nas ciências agronómicas ou na educação, cujos contributos em muito contribuiriam para o progresso desta terra.

          Falamos de diferentes olhares, de um Garvão que nos foge debaixo dos pés, de um excessivo que nos cega e que muitas vezes nos afasta do que realmente somos e precisamos, culturalmente, economicamente e socialmente, com a participação cívica e contributos reais ao desenvolvimento desta terra. Mas, contudo, uma susceptibilidade quase subliminar face ao desconhecido continua a marcar comportamentos. Aqui mesmo, onde as opções particulares continuam a vigorar e a dominar face ao interesse colectivo, continua-se a assistir a fronteiras invisíveis e muitas vezes a cair no erro de privilegiar interesses próprios.

          Do cimo desta falsa altivez, o contributo surge por vezes na forma de uma massa crítica inconsciente, sem forma, formato ou feitio. Os resquícios da diáspora alentejana fazem-se sentir precisamente cá dentro e não lá fora, com residentes regionalizados e meros simpatizantes da visão do próprio umbigo sem levantar a cabeça, tentando, contudo, mostrar aos outros, demagogicamente, as virtudes duma palestra impugnada de falsas promessas que depressa se esquecem fora dos períodos eleitorais.

publicado por José Pereira às 14:53

08
Jun 21

DESCOBERTA EM GARVÃO

Estela Garvão2.jpgEstela descoberta em Garvão

Casa do Judeu de Quintela2.jpgEstrela esculpida no lintel da casa que ficou conhecida como a Casa do Judeu de Quintela, Galiza.

 

          Em 2003, no livro Garvão - Herança Histórica, tinha-se dado a conhecer a descoberta, em Garvão, de uma estela funerária medieval que no contexto cripto-judaico da época, se poderia associar à existência de judeus em Garvão e do qual várias fontes relatam a sua presença nesta vila, (Mayer Kayserling, História dos judeus em Portugal, entre outros).

          Apesar desta estela apresentar uma estrela com cinco pontas, ao contrário da estrela de David, associada aos judeus, ter seis pontas, esta de cinco pontas poderia ser de influência judaica e uma simulação desta fé, para fugir à perseguição religiosa movida pela fatídica inquisição de que tantos exemplos existem na península Ibérica.

          Esta estrela, de cinco pontas, Pentagrama ou Pentalfa, poderá igualmente ser identificada com o Selo de Salomão, ou Anel de Salomão, em latim "Signum Salomonis", popularmente conhecido como "Sino Saimão".

          Surge agora, descoberta pelo arqueólogo José Daniel Malveiro, incrustada nas paredes do Cemitério Velho, na vila de Garvão, uma nova estela funerária com uma estrela de seis pontas e uma roseta hexapétala no centro.

          Esta nova estela, em comparação com outros motivos iconográficos judaicos que se encontram no mundo Galaico-Português, em muito se assemelha a estes e está mais dentro dos parâmetros conhecidos como judaicos ou judaizantes.

        De facto, ao observarmos outros monolíticos relacionados com esta fé, constata-se a enorme semelhança entre uns e outros, entre os vários exemplos que existem, podemos tomar como exemplo a estrela de seis pontas com uma pentapétala no centro, esculpida no lintel da casa que ficou conhecida como a Casa do Judeu de Quintela, em Cabanelas, na Galiza.

          Neste local existe um casario em ruínas, cujas estreitas ruelas de escadas albergam a mencionada casa, no lintel desta habitação, situada no cimo da vila, pode-se ver uma Estrela de David com uma flor de cinco pétalas ao centro. Também, nos pilares laterais da entrada e que suportam o lintel, figuram os retratos, esculpidos em pedra, da família hebraica que habitou esta casa.

            No interior da porta, no pilar da direita, quando se entra existe uma cavidade na parede identificada com o local da Mezuzah, (Símbolo religioso judaico que consiste em dois parágrafos de uma oração, colocados num estojo de metal, madeira ou vidro, pregado nos umbrais das portas, à direita), trata-se de uma pequena capelinha característica das casas hebreias onde as famílias judias deixavam dentro as orações.

publicado por José Pereira às 13:00

06
Jun 21

Bibliotecas Itinerantes-1.jpg

 

          A rede concelhia de leitura no distrito de Beja, dispõe de duas bibliotecas itinerantes da responsabilidade dos respectivos concelhos, uma em Almodôvar e outra em Castro Verde onde as mencionadas autarquias disponibilizam à população do concelho os serviços de uma biblioteca móvel.

          Igualmente o município de Grândola disponibiliza à população os serviços de uma biblioteca itinerante, Com esta unidade será possível fazer chegar a todos os munícipes, os serviços que são disponibilizados na Biblioteca Municipal de Grândola, designadamente o livre acesso a livros, jornais e revistas (para consulta local e empréstimo domiciliário), o acesso à Internet e ao catálogo colectivo da rede concelhia, bem como a acções de promoção do livro e da leitura.  O Município procura, assim, garantir o princípio da igualdade de oportunidades para todos, e promover o desenvolvimento sustentado e integrado do território, valorizando as zonas rurais e os centros de menor dimensão.

          Também noutros municípios do país, os respectivos municípios facultam e promovem a leitura através da criação de bibliotecas Itinerantes, acompanhando outros serviços culturais disponibilizados à população do concelho. 

          Estas Bibliotecas Itinerantes prestam um importante contributo no enriquecimento cultural das populações das freguesias, nomeadamente aos alunos dos Jardins de Infância e das Escolas, permitindo, entre outros aspetos, a descentralização da oferta cultural por parte do Município, promovendo junto dos alunos e da população em geral o empréstimo de livros e incentivando a prática da leitura. 

          Segundo o Jornal Público, O município alentejano de Almodôvar (Beja) vai criar uma rede de leitura através de uma biblioteca itinerante que levará "cultura em forma de livros" às localidades isoladas do concelho.

         Constantino Piçarra, director da Biblioteca Municipal de Almodôvar, explicou à Lusa que se trata de um serviço criado a partir da biblioteca "mãe", situada na sede de concelho.

            "É preciso acabar com a macrocefalia cultural das sedes de concelho", defendeu.
        "Iremos levar a cultura em forma de livros às localidades isoladas do concelho de Almodôvar, para combater a desertificação cultural", acrescentou. Neste sentido, a biblioteca itinerante vai circular pelas 25 localidades do concelho, passando por cada uma delas, de 15 em 15 dias, em locais e horários pré-definidos e a afixar nas juntas de freguesia.

         A carrinha irá transportar um acervo de 1500 livros de todos os géneros literários, além de CD, DVD e um computador com acesso à Internet e ligado à base de dados da biblioteca.
      Desta forma, explicou Constantino Piçarra, os utilizadores vão poder consultar, de forma rápida, os acervos da biblioteca itinerante e da biblioteca municipal.

         Através de prévia inscrição como leitores, o serviço itinerante destina-se aos cerca de oito mil habitantes do concelho, que podem requisitar até três livros por um prazo de 15 dias, renovável por igual período desde que não haja leitores em lista de espera.

       Com um investimento inicial de 80 mil euros, a rede concelhia de leitura e a Biblioteca Itinerante foram financiadas pela autarquia de Almodôvar, sendo o fundo documental co-financiado, em 50 por cento, pelo Instituto Português do Livro e das Bibliotecas.

 

livro.dglab.gov.pt/sites/DGLB/Portugues/bibliotecasPublicas/documentacaoBibliotecas/Paginas/DocumentosapoiocandidaturaprogramadaRNBP.aspx

 

Biblioteca itinerante em Almodôvar | LOCAL LISBOA | PÚBLICO (publico.pt)

 

As Bibliotecas Itinerantes, um serviço municipal de proximidade (dglab.gov.pt)

publicado por José Pereira às 13:02

02
Jun 21

medalha.jpg Medalha 2.jpg

 

Descoberta Em Garvão

 

          A medalha que aqui se apresenta foi descoberta pelo falecido António Loução, mais conhecido por "Mudo", em 2009, quando procedia ao amanho da horta situada na Rua Nova, desconhecendo-se se encontrava no local e foi desenterrada quando se procedia ao amanho da terra ou se foi trazida para este local junto a alguma carrada de fertilizante animal (estrume).

          Trata-se de uma medalha de devoção, talvez proveniente da igreja de Santa Cruz de Jerusalém, em Roma, onde se venera uma relíquia da santa cruz de Jesus.

          No anverso da medalha reconhece-se a Cruz de Cristo, rodeada dos instrumentos da paixão ou martírios do Senhor.

          Eram esses martírios que as crianças, vestidas de anjos, levavam nas procissões dos passos, na quaresma ou semana santa.

          Rodeando a cruz, vêem-se, do lado esquerdo, os flagelos, a torquês, o martelo. À direita, a espada, a vara com a esponja de vinagre na ponta.

          Legenda: SAN[CTUS] DEUS SAN[CTUS] FOR[TIS] SAN[CTUS] IMORT[ALIS] MIS[ERERE] NOB[IS] ROMA = Santo Deus, Santo Forte, Santo Imortal, tende piedade de nós. Era este um chamado impropério ou antífona que se cantava na adoração da cruz, na sexta-feira santa. Cantava-se também em grego: Hagios o Theos, Hagios Ischiros, Agios Athanatos, eleison himas.

          No reverso, em xis, a escada e a coluna, mais abaixo o galo (da negação de Pedro), a túnica de Cristo, os dados com que ela foi sorteada. Legenda: PAS[CHA] CRIS[TI] SAL[VA] NOS.

          Estes símbolos da paixão de Cristo vêem-se em certos cruzeiros, principalmente no Centro e Norte do país, por exemplo, num que está no monte de Santo Amaro, em Maceira; outro em frente da capela de Nossa Senhora da Tojeirinha, no Alqueidão da Serra, Porto de Mós; outro em frente da capela de Nossa Senhora da Ortiga, perto de Fátima, etc. (...)

          A grandiosa composição realizada por Michelangelo entre 1536 e 1541, concentra-se em torno da figura dominante do Cristo, representado no instante que precede à emissão do veredito do Juízo (Mt 25,31-46). Seu gesto, imperioso e sereno, parece ao mesmo tempo chamar à atenção e aplacar a agitação circundante: isto dá o início a um amplo e lento movimento rotatório no que se veem envoltas todas as figuras. Ficam fora deste as duas lunetas acima, com grupos de anjos que levam em voo os símbolos da Paixão (à esquerda, a Cruz, os dados e a coroa de espinhos; à direita, a coluna da Flagelação, a escada e a lança com a esponja banhada em vinagre)

          Símbolos da paixão de Cristo:

          Escada: A escada foi um dos instrumentos usados na crucificação de Cristo.

          Esponja: Afixada numa haste que foi usada para oferecer vinagre a Jesus enquanto estava na cruz.

          Chicote e Pilar: O chicote é mostrado junto de um pilar, no qual Jesus provavelmente foi amarrado.

          Pregos: Os pregos foram instrumentos da crucificação de Jesus.

          Coroa de espinhos: Simboliza o flagelo de Cristo.

          Coração: Com chamas de fé.

          Galo: Simboliza a omissão a Cristo quando São Pedro nega tê-lo conhecido.

          Martelo: Utilizado para cravar os pregos nas mãos e pés de Cristo.

          JNRJ ou INRI: Inscrição que significa Jesus Nazareno Rei dos Judeus.

          Lança: Dos soldados romanos que transpassou o coração de Jesus.

          Torquês: Utilizada para arrancar os pregos que prendiam as mãos e os pés de Cristo.

          Canas: Que serviam como cetro quando Cristo foi torturado e intitulado rei dos judeus.

          Corneta: Que servia como arauto anunciando a morte de um condenado.

          Cálice: Onde foi recolhido o sangue de Cristo.

          Ossos humanos: Diz a lenda que, quando Cristo agonizava na cruz, no Monte Calvário, houve uma grande tempestade e a erosão escavou na base do Monte alguns ossos que seriam de Adão.

publicado por José Pereira às 13:13

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