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ANTÓNIO ALBARDEIRO - último albardeiro de Garvão.

Molin e Albarda.jpg

ALBARDA e MOLIN

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MULA COM ALBARDA E ARREIOS


               Albarda-se o burro à vontade do dono.
               E para bom entendedor, basta.
               Terá as medidas da carteira do dono.
        

          Já lá vai o ofício de albardeiro e por assim dizer, do abegão, do ferrador, do latoeiro, do carpinteiro, ou outras profissões doutros tempos, antes das maquinização da agricultura.
               Só o tosquiador é que se safou, ao tratori não lhe cresce o pelo, rematava o barbeiro da Rua do Salitre, lá para mil novecentos e sessenta e poucos, não se tosquia o burro, corta-se o cabelo ás pessoas, dizia de sua razão.
           Agora ao albardeiro, a mudança de profissão, não se mostrava tão prometedora. O ofício aprendera-o com o pai e o pai já o tinha aprendido com o avô, por isso há-de continuar a albardar até morrer.
             Ao último albardeiro de Garvão, António Albardeiro, com oficina na Rua de Ourique, pouca diferença lhe fazia, não tinha filhos para ensinar, por isso quando morresse, morria a profissão com ele, se já não fazia albardas, molins ou enxergões de palha de centeio, pelo menos entretinha-se a fazer miniaturas, coisa que até se vendia bem, não era preciso andar carregado, para vender na feira.
           Se nos últimos anos lhe faltava as encomendas de albardas ou molins novos ou para remendar, tempos houve que não dava mãos a medir, até do Algarve, desde Monchique a Loulé, procuravam os seus serviços, para além das terras em redor até Beja e Alcácer.
                O centeio tinha de ser inteiro, para maior resistência e a sarapilheira tinha de ser da melhor, primeiro media o animal, burro, burra, besta ou mula, para lhe assentar bem, depois, com artifício de mestre, fazia o molde em sarapilheira e enchia de palha, sempre a apertar e em sentido milenar, para não ficar frouxa, tornava a reforçar com sarapilheira, reforçava os cantos, por vezes, com couro, há medida da carteira do dono, e enfeitava com pontos e berloques de lã colorida.
            A albarda depois de apertada no lombo do animal com uma cilha, estava pronta para o carrego de pessoas, de cargas pesadas nas cangalhas, enchapotas e outra lenha, de cântaros de água, de cereais, palha e o que fosse preciso. Sentadas na albarda, em cima do burro ou da besta, chegavam ainda há pouco tempo há feira de Garvão, as donzelas e outras menos donzelas, dos montes e aldeias em redor.
             Outras e familiares, vinham no carro de bestas, de um só animal ou de parelha, os molins eram peça obrigatória para as cangas, onde atrelava a vara do carro ou as charruas e arados, não ferirem o cachaço do animal. Se havia molins para a lavoura, outros molins apresentavam-se coloridos e vistosos para ocasiões de festa, garridos e enfeitados com berloques, fitas de lã e ponteados em flor encimados com um espelho que reluzia quando o Sol lhe dava.

publicado por José Pereira às 23:21

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