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Set 18

Sacrifício Humano no Depósito Votivo

 

          Em Garvão, a pesquisa arqueológica, desenvolvida na década de 80 do século XX, no «Cerro do Castelo», uma elevação no interior da própria vila, detectou-se, em 1982, na sua zona central, uma fossa, coberta por lajes de xisto, (que se passou a denominar por Depósito Votivo), dentro da qual se encontrava um crânio humano, separado do respectivo esqueleto e com indícios de trepanação.

          O crânio localizado na base do depósito pertenceu a uma mulher cuja idade oscilaria entre os 35 e os 40 anos (Fernandes 1986, 78). A morte foi-lhe provocada por três golpes desferidos na zona occipital e parietal por um instrumento contundente, pesado, dotado de um gume curvo pouco penetrante, que incidiu obliquamente sobre a cabeça da vítima.

          Foi assim reconstituído que a vítima se encontraria deitada em decúbito ventral, quando lhe foram desferidos sucessivamente três golpes. Qualquer um deles seria o suficiente para lhe provocar a morte, e certamente que com o primeiro deles ela entrou em lipotimia (perda de sentidos).

          A morfologia das lesões sugere que o instrumento utilizado terá sido um machado de pedra polida de que, aliás, se recolheu um exemplar no depósito (Antunes e Cunha 1986, 84-85). O crânio foi então separado do corpo; a forma como isso se deu e o espaço de tempo que mediou entre este facto e a deposição do crânio como elemento ritual na criação do depósito votivo são, no entanto, indetermináveis.

          O crânio, estava, aparentemente, associado a alguns ossos de animais o que sugere um fenómeno de libação sacralizadora associada a um sacrifício humano.1

          Deste modo, pode com efeito admitir-se a crença de que os crânios teriam propriedades maravilhosas, curativas e, consequentemente, benéficas e extensivas a todo o grupo a que pertenceriam esses indivíduos.

 

1) In: Virgílio Hipólito Correia, Algumas considerações sobre os Centros de Poder na Proto-História do Sul de Portugal, «Revista de Guimarães», volume especial, II, 1999, pp. 699-714.

publicado por José Pereira às 21:04

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