20
Fev 18

Sr Chico Costa (2) (1).jpgpessoas 037.jpg

Sr Chico Costa (3) (1).jpg  Pirolitoo (2).jpg

 OS PIROLITOS DE GARVÃO 

A bebida pirolito da fábrica do Sr. Chico Costa na Travessa do Álamo, foi, talvez, a bebida que mais marcou a população de Garvão dos anos cinquenta e sessenta do século XX.

A bebida cujo sabor açucarado fazia as delícias da população, graúdos e miúdos, tinha a particularidade de o fecho consistir num arraiol ou raiol, (berlinde), que a pequenada usava no jogo denominado igualmente por arraiol, (jogo que consistia em três covas ou ao “morre ou mata” que se jogava sem covas).

O pirolito era uma bebida gasosa, continha água, ácido cítrico e gás carbónico e a garrafa não tinha rolha nem cápsula, pois possuía no interior uma esfera de vidro que servia de tampa, (empurrava-se a esfera de vidro para baixo, de modo ao gás sair e permitir a saída do liquido). Não possuía igualmente rótulo, apesar de na década de 1960 aparecer algumas garrafas com o rótulo “Flora”, precisamente o nome da esposa do Sr Chico Costa, Srª Florinda Martins.

Devido às exigências sanitárias e outros melhoramentos exigidos pelo governo da altura nos finais da década de 1950, levou ao encerramento da Fábrica de Pirolitos de Garvão nos inícios da década de 1960. O sistema de fecho destas garrafas, pela pequena esfera de vidro, foi considerado prejudicial para a saúde pública, pois era difícil a sua lavagem, entre outras medidas sanitárias que devido aos elevados custos de modernização, levou ao encerramento de muitas fábricas em todo o País.

Apesar destas fábricas terem desaparecido há já algumas décadas, a expressão ainda hoje em uso de, “beber um pirolito”, quando alguém se engasga a beber muita água, terá a sua origem nestas bebidas gasosas, que por vezes, precisamente pelo seu conteúdo gasoso, provocava engasgos.

O Sr Chico Costa foi, a meio do século passado, um dos maiores dinamizadores comerciais da vila de Garvão, começou como comerciante e negociante de bebidas alcoólicas e gasosas, as quais distribuía num carro de parelha pelas vilas em redor, incluindo os pequenos lugares da Serra de São Martinho, mais tarde adquiriu a primeira camioneta de transporte de mercadorias de que há conhecimento em Garvão.

Aliado a esta atividade de distribuição de bebidas, produzia igualmente vinho a partir de vinha própria e posteriormente abriu a fábrica de Pirolitos julga-se ainda na década de quarenta a qual produzia as mencionadas gasosas mas também licor de Ginja. Veio a fecha-la, como se afirmou nos princípios de sessenta, assim como a taberna anos mais tarde devido a doença.

O 25 de Abril de 1974 apanhou-o em Lisboa onde se encontrava em tratamentos na casa da filha adotiva, Leonor Costa, de regresso a Garvão foi, infelizmente, ultrajado precisamente por aqueles a quem, tanto ele como a esposa, auxiliaram nos piores momentos.

publicado por José Pereira Malveiro às 21:53

06
Fev 18

COSTUME CELTA de ATAR PEQUENAS TIRAS de PANO nas ÁRVORES De FRUTO.

          Existem algumas tradições que se continuam a praticar na actualidade, mas que, cujo significado, desapareceu por completo da memória das pessoas.

          Passaram à história, ou pelo menos assim se julga, contudo reminiscências de certas práticas mágico-religiosas, ainda se podem encontrar entre nós, embora já sem a sua simbologia inicial e um total desconhecimento, do seu sentido primitivo, por quem as pratica.

          Faz-se porque sempre se fez. Faz-se porque já os seus pais o faziam e assim se perpectuam práticas, gestos, preces, provérbios, adivinhas, contos, histórias e lendas trazidas do fundo dos tempos até aos nossos dias.

          Encontra-se em vários países de tradição celta o costume de atar pequenas tiras de pano, geralmente brancos nas pernadas das árvores situadas nas hortas e junto a poços ou fontes de água, nomeadamente na Escócia, Irlanda, Cornualha e no resto das ilhas britânicas, denominados Clootie Well.

          Seriam e ainda são nalguns locais, lugares de peregrinação que se acreditava possuírem poderes mágicos e curativos de certas doenças. As tiras, (actualmente, peças de pano), banhavam-se na fonte sagrada e eram posteriormente atadas nas pernadas das árvores, acompanhadas por uma prece ou oração a favor de quem a oferta era feita.

          Vestígios destas práticas mágico-religiosas, ainda se encontram, de uma certa maneira, em certas partes dos países denominados da franja céltica, não só situados nas Ilhas Britânicas mas igualmente em Portugal e Espanha.

          Ainda nos anos sessenta do século passado, em certas hortas em redor da vila, se assistia a tal prática, embora, como se afirmou, desprovidas de qualquer sentido religioso, por quem as praticava. Limitavam-se a dar continuidade ao que era costume, embora no fundo acreditassem nalgum poder mágico, cujo sentido desconheciam, mas que traziam sorte e seriam benéficos em termos de colheita dos produtos semeados e plantados, sejam eles hortícolas ou frutíferos.

          Uma destas hortas é a denominada Horta da Saúde, localizada na antiga Estrada Real, embora este costume se observasse praticamente em todas as hortas da vila, a Horta da Saúde apresenta certas características que a distinguem das outras, nomeadamente por lá se situar a Fonte Santa, tão agrado da população até há relativamente pouco tempo e onde se observava pequenas tiras de pano branco atadas nas pernadas das árvores de fruto. Perto desta Horta situa-se igualmente a Igrejinha de São Pedro, o que demonstra uma certa religiosidade, desde tempos imemoráveis, associada a estes locais campestres, cuja função religiosa veria ser usurpada pela nova religião cristã, como se observa noutros locais.

          Segundo o novelista Stuart Hill: Pano (de qualquer cor) amarrado às árvores é uma tradição antiga no Reino Unido e na Irlanda. O pano é uma espécie de representação física de uma prece ou desejo em que se pede a ajuda de Espíritos da Natureza e Divindades. Frequentemente a oração está relacionada a questões de saúde e também fertilidade, mas pode-se buscar ajuda para qualquer tipo de problema, ambição ou necessidade. Às vezes, ofertas de moedas também são feitas, e a árvore em questão pode estar perto de um poço ou nascente, embora nem sempre. As espécies da árvore às vezes podem ser importantes (particularmente espinheiro e carvalho) embora, novamente, muitas espécies tenham sido associadas à prática. Na verdade, acho que o West Country onde Terri mora, pode ser um dos lugares onde a tradição continua com bastante força. E eu acho que pode haver práticas semelhantes em todo o mundo; talvez alguns membros da comunidade de Mitos e Mouros possam nos dizer?

.

Stuart Hill, 1958, é um escritor britânico formado em História Antiga e Estudos Ingleses Clássicos, autor de The Icemark Chronicles: The City of the Icemarh, Blade of Fire, Last Battle of the Icemark and Prince of the Icemark

publicado por José Pereira Malveiro às 16:09

Fevereiro 2018
Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1
2
3

4
5
6
7
8
9
10

11
12
13
14
15
16
17

18
19
21
22
23
24

25
26
27
28


Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

subscrever feeds
mais sobre mim
pesquisar
 
blogs SAPO