25
Nov 17

Alheiras Alentejanas
          As Alheiras são enchidos, geralmente fumados, a que os judaizantes recorreram depois das imposições da Inquisição, que os proibia de exercerem a sua fé, em vez da carne e gordura de porco, proibida pela lei Judaica, as alheiras eram feitas com as carnes que houvesse á mão, nomeadamente de coelho, perdiz, pato, peru, galinha e vitela, acrescentava-se o miolo de pão e o caldo proveniente das carnes, temperava-se com alho, sal pimenta ou piri-piri.
          Assim com estes enchidos pendurados no fumeiro, enganavam os fiscais da inquisição e os vizinhos, que pensavam que eram enchidos de carne de porco, cuja carne a religião Judaica proibia-os de consumir, simulando assim fidelidade á religião cristã e obedecendo á proibição Judaica de consumo de carne de porco. Os judeus estão proibidos, pela sua religião, de comer carne de porco, porque tem os cascos fendidos e não rumina, sendo, portanto, impuro, assim como os peixes sem escamas, não serviam para o consumo doméstico.
          Embora essa tradição tenha chegado até aos nossos dias na região de Trás-os-Montes, a sua divulgação teria sido muito mais vasta e com uma variedade de ingredientes muito diferentes dos hoje utilizados.
          Logo no início das restrições impostas ao Judeus pela inquisição, surge-nos um documento da Inquisição de Évora, de 1573, (ANTT, cadernos do promotor 146/3/9 folhas 304) no qual justifica a tradição que faz da Alheira uma criação dos Marranos, ou Cristãos Novos como eram conhecidos os Judeus convertidos á religião Cristã, nesse documento uma denunciante de Castelo de Vide, Alentejo, apresenta como praticas Judaicas “... para fugir ao chouriço de porco fazia um chouriço com fígado de bode ... “, (António Borges Coelho em a Inquisição de Évora, editorial Caminho, Lisboa 2002).
          Assim a criação de enchidos como elemento dissimulado de fidelidade á religião Cristã, era uma prática a que os Judeus tiveram de recorrer nos vários lugares do reino, e a qualquer ingrediente que tivessem á mão, para fugir ao controlo da Inquisição.
          Outra maneira de confecionar estes enchidos seria com: pão à base de farinha de trigo, carnes de capoeira ou caça miúda, bastante azeite, cebola e salsa miúda, alhos esmagados, pimenta, sal e colorau ou tempero picante. Na falta de aves de capoeira ou da caça esta poderia ser substituída pelas carnes que estivessem à mão, vitela, pato, peru, borrego ou cabra.

publicado por José Pereira Malveiro às 20:49

03
Nov 17

Evolução da População.jpg

INTRODUÇÃO

          Este estudo baseia-se nos recenseamentos gerais da população portuguesa publicados pelo INE – Instituto Nacional de Estatística.

          O primeiro Recenseamento Geral da População Portuguesa, a reger-se pelas orientações internacionais do Congresso Internacional de Estatística de Bruxelas de 1853, realizou-se em 1864.

          Ainda no século XIX tinham sido realizados os censos de 1801 conhecido pelo recenseamento do Conde Linhares no reinado de D. João VI e os recenseamentos gerais de 1835 e 1851.

          Os censos realizados anteriormente não contam para o presente estudo nomeadamente o Rol de Besteiros do Conto, de D. Afonso III (1260-1279); o Numeramento ou Cadastro Geral do Reino, de D. João III (1527); a Resenha de Gente de Guerra, de D. Filipe III (1639); a Lista dos Fogos e Almas que há nas Terras de Portugal, de D. João V (1732), também conhecida por Censo do Marquês de Abrantes e o Numeramento de Pina Manique, de D. Maria I (1798).

POPULAÇÃO

          Ao observar-mos a evolução populacional da povoação de Garvão desde 1801, não podemos deixar de notar, no gráfico apresentado, uma curva ascendente a partir desse ano, cujo pico se situa nas décadas de 30 e 40 do século passado, (censos de 1940 e 1950), e descendente que culmina com a mesma população que tinha há cento e dez anos.

          Recorrendo unicamente ao período dos censos disponibilizados pelo o Instituto Nacional de Estatísticas (INE), (deixando o efectivo populacional da povoação de Garvão nos períodos antecedentes para outra altura), facilmente se chegará às seguintes conclusões:
          - O ganho populacional que se observou até às décadas de 1940 esbateu-se nos sessenta anos seguintes.
          - Os anos em que se observa um aumento populacional significativo coincidem precisamente com o incremento da cultura cerealífera no Alentejo. Se grande parte da população permaneceu agarrada ao trabalho manual nos campos e se nas décadas anteriores ao milagre do trigo, estas eram as responsáveis pelo reduzido número de habitantes, já a partir do momento em que se observou uma maior produção cerealífera – mais trabalho e melhor alimentação – também se observou um aumento populacional, tendo Garvão pela primeira vez, desde que existem registos populacionais, registado um aumento superior aos dois mil habitantes, 2.282 habitantes respeitantes à década de 1940, segundo o censo de 1950 e 2.207 habitantes respeitantes à década de 1930, segundo o censo de 1940.
          A este aumento populacional não deixa de estar relacionado a implantação da pequena industria local como a alta e baixa moagem, a fábrica dos pirolitos, fábrica do tratamento primário da cortiça, e os lagares de vinho e azeite, incrementando igualmente o comércio local, altura em que Garvão presenciou de facto um crescimento significativo, recordado saudosamente pelas gerações que a presenciaram.
          - Contrapondo esta curva descendente da população de Garvão, que se vinha a observar desde 1950, registou-se de facto um ligeiro aumento na década de 1970, (censo de 1981), obviamente aqui não deixa de ter alguma influência o regresso dos imigrantes e dos retornados das ex-colónias portuguesas em África.
          - Igualmente, na década de 1910, (censo de 1920), o crescimento populacional que se vinha a observar, parece não ter sido afectado, nem pela implantação da república em 1910, nem pela grande guerra (1914/1918), nem pela pneumónica de 1918/1919.
          De facto o aumento registado durante a década de 1910, (censo de 1920) de 34,23% era perfeitamente suficiente para anular qualquer efeito que o total de cerca de 60.000 vítimas nacionais (cerca de 1,08% da população) causado pela pneumónica (ou gripe espanhola) pudesse causar no crescimento da população de Garvão.
          Não se pode deixar de notar que embora o mortífero vírus da gripe atingiu igualmente as populações rurais estas apresentavam uma mais forte resistência ao vírus da gripe, de facto as populações rurais coabitando mais frequentemente com os animais domesticados desenvolvem mais facilmente defesas imunitárias a estes agentes patogénicos. (A varíola, a varicela e o sarampo, levados pelos conquistadores espanhóis, causaram mais mortes aos ameríndios centro e sul americanos, cerca de 90% da população, do que propriamente as armas de Cortés e Pizarro, precisamente por falta de domesticação de animais e do respectivo contacto).
          - O acentuado decréscimo populacional que se observa a partir de 1950 (censo de 1960) até aos nossos dias, uma baixa taxa de natalidade e uma alta taxa de mortalidade devido ao envelhecimento da população, com a pequena ressalva ocorrida na década de 1970 com o regresso dos retornados, não deixa de estar relacionada com a crescente mecanização agrícola, com a emigração tanto de operários, primeiro para a CP e para a cintura industrial das grandes cidades e depois para o estrangeiro, o não regresso dos soldados que conhecedores de outras realidades desprezaram os campos, das criadas de servir, verdadeiros elos na propagação dos hábitos citadinos para o campo.
          Não se pode descurar igualmente as alterações sócio-culturais que se observaram na população portuguesa, nomeadamente a propagação dos meios de comunicação, nomeadamente a televisão, um maior número de mulheres no mercado de trabalho assim como fundamentalmente a utilização de meios contraceptivos.
          A fraca pluviosidade e a praticamente inexistente mobilização da terra contribuíram igualmente para o cenário actual, já Mário Nunes Vacas na sua tese de licenciatura em 1938 conclui que a diminuta densidade populacional no Alentejo se deve tanto à fraca pluviosidade como à irregularidade desta, comparando inclusivamente com outras regiões do país onde um maior recurso hídrico se associa a uma maior densidade populacional. Aponta igualmente que a concentração de grandes latifúndios nas mãos de poucos, obsta a que muitos milhares de braços procurem na emigração a fuga a uma mera subsistência.

CONCLUSÃO
          Prova-nos assim a história que em situações económicas desfavoráveis e em condições adversas, não seriam propícias a um aumento populacional elevado e sustentado: pois os recursos alimentícios disponíveis às populações seriam reduzidos e consequentemente as taxas de reprodução populacional seriam menores; as taxas de mortalidade seriam elevadas; e mesmo a própria mobilidade das populações (em busca de melhores condições alimentares) estaria condicionada.
          Também nos prova que em situações económicas favoráveis assiste-se a um aumento populacional. Obviamente que as condições propícias a esse aumento nos meados do século XX, com o chamado milagre do trigo, não são reproduzíveis na actualidade, portanto preconizar uma revitalização económica-populacional, baseada num exemplo positivo do passado, não só é inexequível como inviável, os tempos são outros, a dependência da mão-de-obra na agricultura, devido à maquinização, é reduzida quando comparada com as décadas anteriores.
          Os tempos actuais oferecem outras oportunidades, tanto de sobrevivência individual como colectiva, passa sem dúvida pelo conhecimento, pela educação, pela abertura ao mundo exterior, pelo exemplo do que se passa noutros lugares, sejam elas positivas como exemplo a seguir ou sejam elas negativas como praticas a evitar.

2011 - 730 Habitantes menos 121 quebra de 14,21%
2001 - 851 Habitantes menos 87 quebra de 9,27%
1991 - 938 Habitantes menos 275 quebra de 22,67%
1981 - 1213 Habitantes mais 36 aumento de 3,08%
1970 - 1167 Habitantes menos 764 quebra de 41,95%
1960 - 1821 Habitantes menos 461 quebra de 20,20%
1950 - 2282 Habitantes mais 75 aumento de 3,39%
1940 - 2207 Habitantes mais 419 aumento de 23,43%
1930 - 1788 Habitantes mais 502 aumento de 28,07%
1920 - 1286 Habitantes mais 328 aumento de 34,23%
1911 - 958 Habitantes mais 230 aumento de 31,59%
1900 - 728 Habitantes mais 49 aumento de 7,21%
1890 - 679 Habitantes mais 168 aumento de 30,49€
1878 -551 Habitantes mais 32 aumento de 6,16%
1864 - 519 Habitantes mais 32 aumento de
1849 - 415 Habitantes mais 65 aumento de
1801 -350 Habitantes

publicado por José Pereira Malveiro às 22:07

02
Nov 17

Ó Laurinda Linda Linda
          Tem desenvolvido o jornal de Garvão a temática do relacionamento inter-cultural entre várias sociedades, nomeadamente a similaridade entre a denominada “Dança de Garvão”, evidenciada na Dança do Mastro, Dança dos Arquinhos ou na Dança das Voltas, com outras danças que se observam em várias partes da Europa, nomeadamente aquelas de influência Celta e a Dança dos Morris na Inglaterra, cujos paralelismos se encontram igualmente nesta zona do Alentejo, evidenciada nas Danças das Espadas e dos Guizos.
          Não deixa, também, de se poder confrontar outras manifestações culturais, cujas similaridades, nos revertem para a mesma origem inter-europeia, sejam elas na área da dança, na área da música, ou inclusivamente, na área da poesia popular.
          Se esta semelhança se observa na área da música e da poesia, uma dessas canções é a denominada, "Ò Laurinda, Linda, Linda", originária da zona de Monchique e que consta da recolha nacional, para a RTP e amplamente difundida, efetuada por Michel Giacometti e Fernando Lopes Graça, em 1962, no monte da Casa Velha, Alferce. A partir desta divulgação
, o intérprete de música popular alentejana, Vitorino, também a divulgou, apesar de, inexplicavelmente, ter substituido “Feira de Garvão”, por “Feira de Marvão”, à revelia da história original desta música, da sua origem, do contexto social que a originou e da proximidade entre Monchique e Garvão
         
Sobre o paralelismo com outras regiões, não deixa de ser interessante o artigo, abaixo descrito, de José Joaquim Dias Marques da Universidade do Algarve, sobre a similaridade entre a cantiga popular, “Ó Laurinda, Linda, Linda”, a qual descreve as imaginativas respostas da esposa adúltera, que dá título á cantiga, quando o marido regressa da feira de Garvão e a cantiga escocesa “Our Goodman” e a irlandesa, “Seven Drunken Nights”, numa situação igual, em que o marido bêbado, confronta a esposa numa situação de infidelidade.
         
“A balada portuguesa Laurinda e a balada escocesa Our Goodman pertencem a um grupo de baladas existentes em muitos países europeus que estão sem dúvida geneticamente relacionadas.
         
A base de todas elas é o tema da mulher adúltera e esperta, surpreendida quase em flagrante pelo marido quando este volta de viagem. Este tema é desenvolvido através duma série de perguntas do marido sobre peças de roupa ou outros objectos que ele inesperadamente encontra ao regressar a casa e através duma série de respostas imaginativas da mulher, tentando escapar a ser desmascarada.
         
Embora contem a mesma história, estas baladas apresentam diferenças próprias dos textos da tradição oral. A balada escocesa aborda o tema do adultério de modo meio cómico, fazendo com que o marido regresse a casa bêbado e dando à história um final aberto, que poderá ser visto como um final feliz ou, pelo menos, sem conflito.
         
Por seu lado, a balada portuguesa leva o tema muito a sério, terminando a história com a decisão do marido de se separar da adúltera. Nalgumas versões da balada portuguesa, o marido diz mesmo que irá devolver a adúltera ao pai dela, “para que ele veja a mulher que me entregou”.
         
Repare-se, de qualquer modo, como estas baladas mostram um entendimento igual da questão do adultério: o problema está no adultério da mulher, pois é a mulher que a sociedade vê como devendo ser fiel. Pelo contrário, nos textos orais não costuma aparecer (ou aparece muito, muito raramente) a questão da fidelidade do marido, parecendo encarar-se o adultério masculino
como algo desculpável e, até, natural."

José Joaquim Dias Marques (Universidade do Algarve)
http://seeingstories.eu/index.php/bridges-lisbon-edinburgh
https://www.youtube.com/watch?v=FP7VsdIX5D0

https://www.youtube.com/watch?v=1it7BP5PckIhttps://

www.youtube.com/watch?v=3hmBxZzbkXI

 https://www.youtube.com/watch?v=72JMVvF-EYQ

 

OBSERVAÇÃO: Ao visualizar as músicas através dos links acima reproduzidos ter em atenção que o vídeo de "Laurinda, linda, linda" está trocado com o video de "A confissão da virgem".

 

Laurinda Linda Linda

 

-Ó Laurinda, linda, linda!
És mais linda do que o sol!
Deixa-me dormir uma noite
Nas dobras do teu lençol.

 

-Sim, sim, cavalheiro, sim!

Hoje sim, amanhã não.

Meu marido não está cá
Foi à feira de Garvão.

 

-Onze horas, meia-noite
Marido à porta bateu.
Bateu uma, bateu duas
Laurinda não respondeu.

 

-Ou ela está doentinha
Ou já tem um novo amor
Ou então procura a chave
No fundo do corredor.

 

-De quem é este chapéu
Debruado a galão?
-É para ti, meu marido!
Fi-lo eu por minha mão."

 

-De quem é este casaco
Que ali vejo pendurado?
-É para ti, meu marido!
Que o trazes bem ganhado.

 

-De quem é este cavalo
Que na minha esquadra entrou?
-É para ti, meu marido!
Foi teu pai quem to mandou.

 

-De quem é este suspiro
Que ao meu leito se atirou?
Laurinda, que aquilo ouviu,
Caiu no chão, desmaiou.

 

-Ó Laurinha, linda, linda
Não vale a pena desmaiar.
Todo o amor que te eu tinha
Vai-se agora acabar!

 

-Vai buscar as tuas irmãs!
Trá-las toda num andor!
A mais linda delas todas
Há-de ser o meu amor."

 

Seven Drunken Nights
Sete Noites de Bebedeira
Versão portuguesa: Ana Sofia Paiva

 

Segunda-feira cheguei a casa
E já mal podia andar
Avistei um belo cavalo
Onde o meu havia de estar
-Com mil diabos! -disse eu,
Ó minha rica mulher
De quem é aquele cavalo
Não me queres lá tu dizer?

 

-Ó meu grande borrachão!
O vinho já te cegou?
É uma bela porquinha
Que a mãezinha me mandou!
-Mais de mil léguas andei
O mundo inteiro corri
Mas uma porca com sela
Foi coisa que nunca vi

 

Terça-feira cheguei a casa
E já mal podia andar
Avistei um belo casaco
Onde o meu havia de estar
-Com mil diabos! -disse eu,
Ó minha rica mulher
De quem é aquele casaco
Não me queres lá tu dizer?

 

Ó meu grande borrachão!
O vinho já te cegou?
É um belo cobertor
Que a mãezinha me mandou!
-Mais de mil léguas andei
O mundo inteiro corri
Mas botões num cobertor
Foi coisa que nunca vi

 

Quarta-feira cheguei a casa
E já mal podia andar
Avistei um belo cachimbo
Onde o meu havia de estar
-Com mil diabos! -disse eu,
Ó minha rica mulher
De quem é aquele cachimbo
Não me queres lá tu dizer?

 

-Ó meu grande borrachão!
O vinho já te cegou?
É uma bela gaitinha
Que a mãezinha me mandou!
-Mais de mil léguas andei
O mundo inteiro corri
Mas tabaco num gaitinha
Foi coisa que nunca vi

 

Quinta-feira cheguei a casa
E já mal podia andar
Avistei duas belas botas
Onde as minhas haviam de estar
-Com mil diabos! -disse eu,
Ó minha rica mulher
De quem são aquelas botas
Não me queres lá tu dizer?

 

-Ó meu grande borrachão!
O vinho já te cegou?
São duas belas jarras
Que a mãezinha me mandou!
-Mais de mil léguas andei
O mundo inteiro corri
Mas atacadores em jarras
Foi coisa que nunca vi

 

Sexta-feira cheguei a casa
E já mal podia andar
Avistei uma bela cabeça
Onde a minha havia de estar
-Com mil diabos! -disse eu,
Ó minha rica mulher
De quem é essa cabeça
Não me queres lá tu dizer?

 

-Ó meu grande borrachão
O vinho já te cegou?
É um belo menino
Que a mãezinha me mandou!
-Mais de mil léguas andei
O mundo inteiro corri
Mas um menino com barba
Foi coisa que nunca vi

publicado por José Pereira Malveiro às 19:18

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