Forno de Cerâmica Medieval
Descoberto na Casa do Povo de Garvão
Um forno de cerâmica, inédito em Garvão e dos poucos existentes em Portugal, foi posto a descoberto na Casa do Povo de Garvão, em 1995, quando se procedia à terraplanagem, para a construção de uma cozinha no quintal, junto ao muro a nascente que divide com a propriedade do Sr José Fiel.
A rectro-escavadora, ao fazer o corte lateral na barreira, para acomodar a referida cozinha, rebaixando o nível do terreno em cerca de três metros em relação ao terreno do vizinho, pôs a descoberto uma estrutura em pedra e cerâmica, identificada pelos presentes como um forno de cozer cerâmica, danificando lateralmente a própria estrutura e algumas peças no interior desta.
A estrutura, oca, prolongava-se, na horizontal, no sentido nascente, para dentro do quintal do referido vizinho, por mais dois ou três metros, e a parte superior a cerca de um metro da superfície que nunca chegou a abater. Alertados os serviços de arqueologia oficiais responsáveis, sobre a necessidade de uma intervenço imediata, para salvaguardar tão importante achado, foi o devido subsidio aprovado e entregue a arqueólogos que nunca chegaram a efectuar as devidas investigações no terreno, apesar da autorização para o efeito, do proprietário do terreno, Sr José Fiel, onde se encontra a parte principal do forno.
A proliferação de cerâmica nesta área estendia-se até à ribeira, encontradas, principalmente nas movimentações de terra que envolveu a construção dos dois edifícios diante da Casa do Povo.
Os ex-votos em cerâmca encontrados no Depósito Votivo, manufacturados manualmente e ao torno, apesar de apresentarem diversas proveniências, encontra-se uma grande maioria, na ordem das centenas, de produço local. Só um estudo deste forno e de alguns materiais que eventualmente venham a ser descobertos no seu interior, poderá avaliar a relação, se alguma, com a produção de cerâmicas encontradas no Depósito Votivo.
O forno apresentava duas paredes centrais, em pedra/barro, que deviam de dividir as três câmaras, geralmente encontrados neste tipo de fornos que devem de corresponder à câmara da cozedura, câmara de aquecimento e corredor, apesar de só a câmara central ser mais visível e muito parcialmente as outras duas.
Presentemente o forno encontra-se tapado lateralmente, na parte do terreno pertencente à Casa de Povo, onde foi construída uma parede, não só para suporte da referida cozinha, mas igualmente de retenção de terras, mantendo-se a estrutura do forno, que se prolongava para o terreno do vizinho, intacta.