Necrópole do Pardieiro
35 Anos depois
Foi precisamente há 35 anos, em Agosto de 1981, que José Pereira Malveiro (JPM), Manuel Zacarias e José Pacheco acompanhados pelo proprietário do Monte do Pardieiro, (localmente conhecido por Galinha Preta), junto à Corte Malhão na freguesia de São Martinho das Amoreiras recolheram e levaram para o então Núcleo Arqueológico de Garvão uma Estela Epigrafada com caracteres da Escrita do Sudoeste.
Esta Estela, com o encerramento do Núcleo Arqueológico de Garvão, foi guardada na residência de JPM, (junto a outras peças de interesse arqueológico, achadas e recolhidas ao longo dos anos pelo próprio), onde mereceu a visita de Jürgen Untermann e esposa, (ver artigo a seguir) e de Caetano de Mello Beirão, que foi inclusivamente levado ao local do Pardieiro por JPM, tendo desenvolvido posteriormente a respectiva publicação com Mário Varela Gomes em 1988, na revista VELEIA - Revista de prehistoria, historia antigua, arqueologia Y filología clássicas (Veleia.pdf). Tendo esta necrópole, posteriormente sido escavada em 1989-1990 pelos arqueólogos Caetano de Mello Beirão e Virgílio Hipólito Correia.
Em 1996, quando esta Estela estava em exposição nos antigos Paços do Concelho de Garvão, foi indevidamente levada e à revelia do depositário, JPM, e só depois de devidamente denunciado o caso às autoridades foi esta entregue ao Museu Rainha D. Leonor em Beja e posteriormente ao Museu Escrita do Sudoeste em Almodôvar onde se encontra actualmente em exposição.
Quanto ao sítio do Pardieiro, tem sido valorizado e aberto ao publico, segundo a nota de imprensa do presidente da Câmara Municipal de Odemira de 28/04/2008, “(…) vai abrir ao público o sítio arqueológico da Necrópole do Pardieiro, um espaço funerário construído durante a 1ª Idade do Ferro, entre os séculos VII e V a.C., localizado a cerca de 3 km de Corte Malhão, (…). O sítio é composto por um conjunto de 12 sepulturas individuais cobertas por um monumento construído com pedras ligadas com barro. Nestas sepulturas foram encontradas oferendas funerárias votivas, desde colares de contas de vidro, algumas armas de ferro e peças de cerâmica, bem como três lápides epigrafadas e duas estelas decoradas.
A Escrita do Sudoeste, encontrada apenas no Sudoeste Peninsular, terá cerca de 2.500 anos e terá entrado em desuso a partir do séc. V a.C. Transmite uma língua muito antiga, que já estava perdida no período romano, não sendo possível ainda hoje decifrar o seu significado. A descoberta de estelas com este tipo de escrita conferem à Necrópole do Pardieiro uma importância singular no âmbito da arqueologia peninsular”.