23
Jul 10

 

 

ESTELA EPIGRAFADA ROMANA DOS FRANCISCOS

 

"A Herdade dos Franciscos è um dos latifúndios da freguesia de Garvão, situando-se apenas a cerca de 1km a sul daquela vila. Administrativamente pertence ao concelho de Ourique e ao distrito de Beja. O monumento funerário agora dado a conhecer foi descoberto avulso, numa extensa zona da herdade onde se observam ruínas, talvez de um vicus, ou de uma villa rustica e de onde provêm outros materiais do período romano."

 

"Caetano Beirão e José Olívio Caeiro procederam ali a escavações de emergência, numa área que iria ser afectada pela construção de uma estrada, identificando-se na altura restos de estruturas habitacionais e materiais romanos que abrangem um período situado entre os séculos I e III d.C."

 

"A leitura desta epígrafe, com luz rasante, permitindo-nos executar o decalque cuja redução apresentamos na fig. 2 sempre preferível a um desenho, é a seguinte:"


LADRONV[S] / DOVAI • BRA[CA]RVS • CASTEL[LO] / DVRBEDE • [H]IC / SITUS • ES[T] • AN[N]ORV[M]  XXX (triginta?) / [S(it)] • [T(ibi)] • T(erra) • L(evis) •

 

"A sua tradução parece não oferecer grandes problemas propondo-se:"

Aqui jaz Ladronus (filho de) Dovaios, Bracarus do Castello Durbed, de trinta anos de idade. Que a terra seja leve.

 

"A estela dos Franciscos é, pois, um importante monumento, atribuível ao séc. II ou aos inícios do século III d.C., cuja forma e realização se integra, como vimos, no tipo de lápides encontradas no Sudoeste Alentejano (concelhos de Aljustrel, Ourique e Almodôvar) (Encarnação, 1978), embora o seu conteúdo mantenha estreitas ligações com a epigrafia do Noroeste, sobretudo no plano onomástico, para o qual encontrámos paralelos maioritariamente no Conventus Bracarensis (Fig.1)."

 

"Ainda recentemente também M. Manuela A. Dias (1979), num bem fundamentado trabalho, reconheceu a origem norte-peninsular de muitos antropónimos registados em estelas do Conventus Pacensis, encontrando uma possível explicação na emigração com vista aos trabalhos de mineração. Estes movimentos migratórios que fazem instalar populações do norte da península no Sul e Sudoeste Ibérico, ocupadas tanto na agricultura como na mineração, mostram, em última análise e de modo claro, as diferentes dinâmicas da ocupação territorial da Península, revelando-nos afinal a mesma fraca densidade populacional que ainda hoje conhecemos nas terras do sul, mais avessas à instalação das comunidades humanas."

 

in: GOMES, Rosa Varela; GOMES, Mário Varela (1984) Uma estela epigrafada da Herdade dos Franciscos, "Conimbriga", 23, p. 43-54. ...

publicado por José Pereira Malveiro às 20:14

01
Jul 10

    

Mapa Cadastral
designando local do
Cemitério Antigo
pelas letras "St"
Fotografía área do local
do Cemitério antigo,
notando-se a parede
virada a poente (ainda)

 

 

O QUE NÃO SE CUIDA ESTRAGA-SE

  

Depois do Brasão dos Antigos Paços do Concelho ter sido caiado por cima, como se não existisse. 

  

Depois das pinturas da Igreja do Sagrado Espírito Santo, incrustadas na parede do Cemitério Velho terem sido, também, caidas por cima, como se, também, não existissem. 

 

Depois do desaparecimento dos livros do extinto concelho de Garvão, da Misericórdia e da Paroquia de Garvão das instalações da Junta de Freguesia. 

 

Depois dos últimos vestígios do Castelo estarem a ser destruídos por cabras. 

 

Depois da destruição dos últimos vestígios Romanos dos franciscos. 

 

Depois de tudo isto e muito mais. 

 

O que é que faltará mais? 

 

Falta naturalmente um plano de desenvolvimento da vila, uma ideia sobre a melhor maneira de melhorar a vila, para evitar que o pouco que ainda resta não caia no esquecimento e seja destruído como o Cemitério Antigo que se encontra entre o  furadouro e o moinho, e até o próprio moinho deveria merecer uma recuperação.

 

O conhecimento deste Cemitério chega-nos através da tradição oral da população mais idosa da Vila de Garvão, consubstanciado pelo registo cadastral nacional da área, alguns vestígios no terreno e pelo o acesso que se fazia pelo "Furadouro" por um caminho próprio ainda hoje visível no terreno.

 

Tendo em consideração que no Cemitério Velho, a cerca de cem metros, no outro lado do "Furadouro", encontram-se sepultados defuntos de familiares ainda vivos desta terra, tendo, também, em consideração as Estelas Funerárias encontradas no exterior do Cemitério velho, que provam a utilização, nos séculos anteriores, deste espaço como lugar de enterramento continuado, coloca-se a questão de saber qual a época em que este Cemitério Antigo teria servido a população de Garvão, tendo em consideração que ainda se nota no terreno o respectivo caminho de acesso e a memória da sua existência na população mais idosa. 

 

publicado por José Pereira Malveiro às 22:15

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