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Out 09

A Cultura de um povo vê-se pelas bebedeiras que apanha ou pelos livros que compra?

 

As recentes eleições autárquicas permitiu-nos, mais uma vês, assistir a mais uma manifestação de exaltação populista de alienação eufórica e histérica das massas, bradando e gritando em torno de qualquer coisa que se usa e deita fora, em torno de qualquer coisa que existe hoje mas sem amanhã, no fundo em torno do “nada”. Contudo nesta exaltação efémera alguém cai, nessa desenfreada irracional alguém sofre e esse alguém hoje poderá ser o nosso vizinho mas amanhã certamente seremos nós.

 

É preciso não esquecer-mos de que uma vitória significa a derrota de alguém, é preciso lembrarmo-nos de que quando celebramos uma vitória há sempre alguém que foi derrotado e que sofre, por isso como seres humanos, como cristãos ou não, mas essencialmente como seres que acreditam num mundo melhor, sejamos solidários com quem sofre e não façamos da nossa vitória uma prática revanchista e masoquista de exaltação pessoal ás custas do sofrimento ou das desgraças dos outros.

 

Não vamos por esse caminho da intolerância e das vitórias efémeras, não vamos pelo caminho da vitória em vitória até à derrota final. 

 

Façamos uso da democracia sim senhor, já que vivemos nela, com todas as suas virtudes e defeitos, mas não esqueçamos os nossos valores como humanos, a nossa dignidade como membros duma comunidade carente, carente de afectos, carente de atenção, mas carente essencialmente de solidariedade.

 

Mais do que nunca, nesta sociedade de consumo, os bens materiais ditam a nossa posição na sociedade, somos cada vês mais “analisados” e “catalogados” pelo que apresentamos, pelo carro, pela casa, pela maneira como falamos e vestimos e não pelo que realmente somos, e nessa busca esquecemo-nos de tanta coisa, tanta coisa que ficou para trás, para quê? Para afinal cair-nos no vazio e chegar-mos à conclusão de que não vale a pena.

 

Tem existido na Junta de Freguesia de Garvão vários livros antigos alguns do século XVII com a data de mil seiscentos e tal, outros do século XVIII e XIX, incluindo vários livros de actas da Misericórdia e do extinto Concelho de Garvão.

 

Estes livros em 1985 estavam guardados no antigo posto da GNR de Garvão, desactivado na altura, para ser queimados, sendo salvos no último minuto. Em 1997 no seguimento das cheias que assolaram a Junta de Freguesia também foram salvos, embora alguns tivessem sido atingidos pelas águas, tendo, tanto pela funcionária da junta que pôs alguns ao sol para secarem, como pelo presidente da Junta de então que depois de elucidado sobre o seu valor, tanto monetário como cultural, os pôs a salvo. Há quatro anos atrás ainda lá estavam.

 

Contudo hoje já lá não estão, e tanto os funcionários como os eleitos não sabem onde é que estão ou quem é que os levou.

 

Assim não vale a pena, existe habilidade para com o dinheiro da Junta irem “petiscar” para Vila Nova de Mil Fontes em “petiscos” de 200 e 300 euros mas não existe habilidade para salvaguardar a nosso património e a nossa cultura.

 

 

 

publicado por José Pereira às 17:03

Ó Zé Pereira desculpa lá, mas isso é alguma homenagem ao zé Raul?
O que é que se há-de fazer, isto é mesmo assim, uns ganham, outros perdem, quem não tem estofo não se meta nisto.
Está bem, até posso concordar que realmente aquilo foi achincalhamento demais, e que se calhar não merecia aquilo, mas há quem esqueça que ele foi presidente da Câmara durante doze anos e se fez muito bem a uns, se calhar também fez mal a outros.
Eu não ia gozar com quem perde, mas há quem goze, há quem precise de achincalhar os outros para se sentirem heróis e saírem da baixeza que são.
Anónimo a 28 de Outubro de 2009 às 00:56

Só mais uma coisa.
Isso dos livros terem desaparecido é muito grave.
E de certeza que isso é mesmo assim, realmente lembro-me de ver uns livros velhos numa prateleira no lado direito da Junta quando se entra. Fui lá de propósito para ver se alinda lá estavam e realmente desapareceram. O presidente diz que foram pelas cheias em 5 de Novembro de 1997, isso não pode ser pois ainda há dois ou três anos os vi.
Temos de fazer qualquer coisa senão arrasam com aquilo tudo.
Anónimo a 28 de Outubro de 2009 às 01:01

E já agora só mais uma coisa, prometo que é só esta (por agora).
Isso dos jantares e almoços à custa dos dinheiros da Junta já tem tradição, não só não o gastam na vila a ajudar o comércio local, como ainda por cima esses 200 ou 300 euros deixados no marisco em Vila Nova de Mil Fontes, seriam melhor aplicados em dar trabalho a tanta gente da vila que bem precisa deles para comer.
Sim senhor leram bem EXISTE FOME na vila, para vergonha de todos nós, e desses senhores que estão tão preocupados em segurar os jovens à terra e criar postos de trabalho para os jovens, em tempo de eleições, mas depois quando lá se apanham é vê-los a correr para o Portinho em Vila Nova a empanturrarem-se de marisco com o dinheiro da Junta de Freguesia.
Anónimo a 28 de Outubro de 2009 às 01:11

De facto a incoerência é latente, existe sem dúvida uma grande discrepância entre o que se diz e o que se pratica.
O mais grave é que o que se diz não é desprovido de uma certa malícia, não é ingénuo, é atirado com certos objectivos pessoais.
O Saramago é que tem razão, ofende para vender, mas no fundo quem é que deveria ser mais criticado? Quem fala e leva uma vida decente ou quem bate com a mão no peito e age nodoamente , tendo para isso de se refugiar na igreja para expurgar os seus pecados?
Anónimo a 2 de Novembro de 2009 às 18:01

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