LEMBRANDO ...
O Professor Manuel Joaquim Delgado
Quadras recolhidas em Garvão
Autor de várias obras sobre o Baixo Alentejo nomeadamente, A Linguagem Popular do Baixo Alentejo e o Dialecto Barranquenho, editado em 1951 e Etnografia e o Folclore no Baixo Alentejo, editado em 1956, ambos reeditados pela Assembleia Distrital de Beja em 1983 e 1985 respectivamente.
A obra do Professor Manuel Joaquim Delgado é um imenso celeiro – uma almástica – inesgotável, que possibilita uma investigação interminável para muitas e imensas searas vocabulares.
Trata-se de uma obra riquíssima em pesquisa, estudo, com citações, ilustrações, pistas de recolhas e investigações comparadas e confrontadas pelas várias vilas do Alentejo. Um contributo precioso para a divulgação e o estudo dos vocábulos, fonemas e outras características fonéticas que distinguem o falar alentejano.
Quadras recolhidas pelo Professor Manuel Joaquim Delgado em Garvão incluídas no livro A Linguagem Popular do Baixo Alentejo e o Dialecto Barranquenho de 1951.
Folhas 103 e 222. Quadras CXCI e CDLXVIII.
Ó àsença avorrecida
Ò pàxã tâ rigorosa
Máj’ val’ uma àsença firme
Que uma presença enganosa.
Folha 127. Quadra CCXLIX.
Tenho três venténs no bolso,
Com dé reis som três e mêo,
Pra comprar as blancias
Cas moças trazem no sêo.
Folha 178 e 312. Quadras CCCXLVI e DCLXX
Ser pobre nã é defêto
Sendo logo de nasção;
Val ’maj’ do ca requeza
A boa comportação.
Folha 191. Quadra CCCLXXXVII.
S’ê pudesse abrir mê pêto,
Mostrar-te o mê coração,
Só então darias créto
S’ê te tenho amor ou não.
Folha 229. Quadra CDXLIV
A rosa, depois de seca,
Inda máj’espinhos tẽi;
Entes qu’ê quêra nã posso
Negar que te quero bẽi.
Folha 341. Quadra DCCXXXI
Afasta-te água clara,
Dêxa passar a barrenta.
Que um amor que não é firme.
Com pôca coisa s’àsenta.